Revista Criação & Crítica (Nov 2022)
A interpretação literária como ficção: a tensão dialética entre as obras (o caso de Benedito Nunes)
Abstract
Resumo: A interpretação literária, quando compreendida em seu valor radical e ontológico, é espaço de realização do crítico a partir de um acontecimento: o poético. O poético é a força que move o humano para uma relação com as questões que o humanizam. Essa relação pode ser feita de maneira apropriava através da ficção e sua referenciação ao poético. Como a interpretação literária pode vir a se tornar ficção? É a partir deste questionamento (e outros que dele se desdobram) que buscaremos encaminhar este texto. Assim, o presente artigo objetiva refletir sobre como a interpretação literária pode vir a acontecer enquanto uma ficção. Para tanto, procuraremos dialogar com um crítico literário que, em nossas observações, realizou em suas interpretações tal singularização, a saber: Benedito Nunes. Concentrar-nos-emos, aqui, na tensão dialética entre a “interpretação literária-ficcional” de Benedito Nunes ao dialogar com a obra Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (2015), visando pensar tal modo de interpretação, a qual se propõe a acontecer na zona liminar do diálogo com as obras e as questões que elas/nelas desvelam. Palavras-Chave: Interpretação literária. Ficção. Benedito Nunes. Guimarães Rosa. Grande sertão: Veredas. Acontecimento poético-apropriativo.