Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery (Apr 1997)

Operação de Ross: a intervenção ideal para pacientes aórticos jovens?

  • Francisco Diniz Affonso da COSTA,
  • Rita PINTON,
  • Hermínio HAGGI FILHO,
  • George Soncini da ROSA,
  • Décio Cavalet Soares ABUCHAIM,
  • Valdemir QUINTANEIRO,
  • Rodrigo MILANI,
  • Robertson ITO,
  • Rogério GASPAR,
  • Martin BURGER,
  • Fábio SALLUM,
  • Djalma Luiz FARACO,
  • Iseu Affonso da COSTA

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-76381997000200001
Journal volume & issue
Vol. 12, no. 2
pp. 99 – 109

Abstract

Read online

Fundamentos: Próteses valvares aórticas com desempenho hemodinâmico adequado possibilitariam maior regressão da hipertrofia ventricular e normalização da função ventricular. Isto possivelmente tenha implicações importantes no prognóstico tardio após a substituição da valva aórtica. Objetivo: Avaliar o desempenho hemodinâmico do auto-enxerto pulmonar em posição aórtica e a regressão da hipertrofia ventricular esquerda após a operação de Ross. Casuística e Métodos: De maio/95 a março/97, 45 pacientes com média de idades de 27,1 anos foram submetidos à operação de Ross. Todos os pacientes foram submetidos, no pós-operatório imediato, a ecocardiografia com Doppler e cateterismo cardíaco para avaliação do desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos, assim como da massa e função ventricular esquerda. Catorze pacientes com evolução superior a seis meses submeteram-se a ecocardiografia de stress com dobutamina, para estudar o desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos em condição de exercício. Resultados: A mortalidade hospitalar foi de 6%. Após tempo médio de seguimento de 12,8 meses (1-23), ocorreu um óbito súbito tardio e nenhuma complicação relacionada à prótese. O desempenho hemodinâmico imediato e tardio dos auto-enxertos foi praticamente normal, com média de gradiente médio de 1,8 ± 0,6 mmHg e média de gradiente instantâneo máximo de 2,9 ± 0,9 mmHg. O grau de insuficiência valvar foi desprezível. Mesmo em condição de exercício, os gradientes não se elevaram de forma significativa, com média de gradiente médio de 4,3 ± 2,5 mmHg e média de gradiente instantâneo máximo de 10,4 ± 6,1 mmHg. Os homoenxertos utilizados para a reconstrução da via de saída do ventrículo direito tiveram excelente desempenho hemodinâmico imediato; entretanto, no seguimento tardio apresentaram discreto aumento das velocidades de fluxo com média de gradiente médio de 10 ± 7,1 mmHg em repouso e 26 ± 13,3 mmHg durante o exercício. O índice de massa ventricular esquerda caiu de 168 ± 46g/m² no pré-operatório para 115 ± 32g/m² no 6º mês de evolução. A função ventricular esquerda apresentou-se normal em repouso e no exercício na maioria dos pacientes. Conclusões: Dado o desempenho hemodinâmico normal dos auto-enxertos pulmonares, a redução da massa ventricular e normalização da função do ventrículo esquerdo, além da ótima evolução tardia dos pacientes, consideramos a operação de Ross como a operação ideal para pacientes aórticos jovens.Background: Aortic valve prosthesis with adequate hemodynamic performance should allow more complete left ventricular mass regression and return left ventricular function back to normal. This possibly affects long term prognosis after aortic valve replacement. Objective: Assessment of hemodynamic performance of the pulmonary autograft in the aortic position and the regression of left ventricular mass after the Ross procedure. Material and Methods: Between May/95 and Mar/96, 45 patients with mean age of 27.1 years were submitted to a Ross procedure. Doppler echocardiography and cardiac catheterization were performed on all patients before hospital discharge to analyze the hemodynamic performance of the auto and homografts employed, as well as to evaluate left ventricular mass and function. Fourteen patients with follow-up longer than six months were sumitted to dobutamine stress echocardiography to study hemodynamic performance of the auto and homografts at during exercise. Results: Hospital mortality was 6%. After a mean follow-up of 12.8 months (1-23), there was one late sudden death. No valve related event was noted during this period. Immediate and late hemodynamic performance of the pulmonary autografts were normal with average mean gradients of 1.8 ± 0.6 mmHg and average maximum instantaneous gradients of 2.9 ± 0.9 mmHg. Valvular insufficiency was almost null. Even during exercise, gradients did not increase significantly with average mean gradients of 4.3 ± 2.5 mmHg and average maximum gradients of 10.4 ± 6.1 mmHg. Homografts used for right ventricular reconstruction exhibited excellent immediate hemodynamic performance. However, at late follow-up an increase in flow velocities was noted with an average of mean gradients of 10 ± 7.1 mmHg at rest and 26 ± 13.3 mmHg at exercise. Left ventricular mass index dropped from 168 ± 46 g/m² preoperatively to 115 ± 32 g/m² six months after the operation. Left ventricular function was normal at rest and during exercise in the marjority of patients. Conclusions: Given the normal hemodynamic performance of the autografts, the important decrease in left ventricular mass and the normal left ventricular function late postoperatively, the Ross procedure is considered the operation of choice for young patients who need aortic valve replacement.

Keywords