Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-435 - MYCOBACTERIUM WOLINSKYI EM INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO APÓS MAMOPLASTIA EM MULHER JOVEM
Abstract
Introdução: A notificação de infecções de sítio cirúrgico (ISC) por micobactérias nas últimas décadas tem associação com micobactérias de crescimento rápido (MCR). M.wolinskyi pertencente ao grupo do M. smegmatis foi identificado pela primeira vez por Brown et al. em 1999, a partir do sequenciamento da região 16S rRNA, e tem sido associado a implantes mamários, dispositivos cardiovasculares, ortopédicos, procedimentos estéticos e catéteres de diálise peritoneal. M. wolinskyi pode associar-se a surtos de ISC intra-hospitalares, tem um perfil de susceptibilidade in vitro caracterizado por sensibilidade a amicacina, imipenem, sulfametoxazol-trimetoprim, cefoxitina e claritromicina e sensibilidade intermediária a ciprofloxacino e doxiciclina, com resistência a tobramicina, sendo essa última a característica que o distingue das outras espécies do complexo M.smegmatis. Dessa formal, sua identificação entre as espécies de MCR é essencial para o manejo adequado do tratamento antimicrobiano. Objetivo: : Relato de caso por M.wolinskyi em ISC. Método: Mulher, branca, 36 anos, sem comorbidades foi submetida a mamoplastia bilateral eletiva com colocação de prótese de silicone em hospital privado de Goiânia-GO. No 7° dia do pós-operatório (PO) apresentou sinais flogísticos em mama direita com fistulização e saída de secreção purulenta. Foi submetida a explante mamário e a drenagem do abscesso no 10° PO. Exame direto da secreção evidenciou baciloscopia positiva e teste molecular não detectado para tuberculose. Foi iniciada amicacina, claritromicina e ciprofloxacino. O material foi encaminhado ao Lacen-GO, com identificação fenotípica de Mycobacterium sp. Posteriormente, o isolado foi encaminhado ao laboratório de referência da Fiocruz e M. wolinskyi identificado mediante técnica de sequenciamento. Teste de sensibilidade demonstrou sensibilidade a amicacina e linezolida, sensibilidade intermediária a cefoxitina, doxiciclina, imipenem e moxifloxacino e resistência a ciprofloxacino, claritromicina, tobramicina e sulfametoxazol-trimetoprim. Após 3 meses de tratamento, o esquema da paciente foi ajustado para linezolida moxifloxacino e doxiciclina, por mais 12 semanas com boa resposta clínica e radiológica. Conclusão: O caso ilustra a crescente relevância das ISC por micobactérias e a importância do sequenciamento genético para sua identificação. O início precoce dos antimicrobianos e a terapia individualizada contribuíram para o sucesso terapêutico nesse caso.