Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ANÁLISE DE SOBREVIDA DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM LEUCEMIA AGUDA NO RIO GRANDE DO NORTE
Abstract
Objetivos: Este estudo tem como objetivo analisar o perfil de mortalidade dos pacientes pediátricos diagnosticados com leucemias agudas no estado do Rio Grande do Norte. Materiais e métodos: Foram analisados os dados de 19 pacientes com idade de 0 a 15 anos (mediana de 6) diagnosticadas com leucemias agudas no Rio Grande do Norte entre 2021 e 2023. Estimamos que outros 10 pacientes diagnosticados em hospital de referência, que estão ainda vivos, optaram por não participar ou não se conseguiu contato. Dessa amostra, 47,4% eram do sexo feminino e 52,6% masculino, sendo 84,2% diagnosticados com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) do tipo B e 15,7% com Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Foram relacionadas a leucometria inicial e tipo de leucemia com a sobrevida dos pacientes utilizando-se a análise de sobrevivência de Kaplan-Meier. Resultados: Observou-se que os pacientes possuíam uma Leucometria Inicial (LCI) com mediana de 10.570, variando de 1.450 a 266.000, hemoglobina com mediana de 8, variando de 2,1 a 16,6 e plaquetas com mediana de 35.000, variando de 10.000 a 379.000. Na avaliação, apenas 21% dos pacientes apresentavam blastos no hemograma inicial. Nessa amostra, 36% dos pacientes apresentaram mais de 20 mil leucócitos no diagnóstico. A mediana de sobrevida para LCI menor que 20 mil foi 552 dias e para pacientes com LCI acima de 20 mil foi 677 dias, sem significância estatística. Dentre os pacientes com LLA, a mediana de sobrevida foi de 677 dias, com 0% de mortalidade nos primeiros 30 dias. Os pacientes com LMA tiveram uma mediana de sobrevida de 73 dias, com 33% de mortalidade nos primeiros 30 dias. Dos pacientes analisados, 52,6% tinha disponível resultado de citogenética e apenas 5,2 % a biologia molecular. A sobrevida estimada em 03 anos para ambos os grupos foi menor que 35%. Discussão: As Leucemias Agudas (LA) são neoplasias malignas das células hematopoiéticas, sendo a mais comum na faixa etária pediátrica. Elas podem afetar a linhagem mieloide e linfoide, sendo o segundo grupo mais comum. No entanto, estudos internacionais também demonstram que quando tratados precocemente, as LA tem sobrevida de 80% e que as taxas de mortalidade vem decrescendo ao longo dos anos. No presente estudo, observou-se maior incidência no sexo masculino. Encontrou-se uma alta taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias nas LMA, comparado com 0% de mortalidade na LLA, levantando-se o um questionamento sobre a relação com a maior agressividade da fase de indução do tratamento do primeiro grupo. Observou-se que não houve aumento da mortalidade dos pacientes com leucometria inicial maior que 20.000. Uma baixa taxa de pacientes apresentava blastos no hemograma de diagnóstico, porém isso também se deve às limitações do exame. Os pacientes com LLA apresentaram uma sobrevida maior que o grupo das LMA, porém ainda baixa em comparação às expectativas nacionais. Além de amostragem pequena, uma limitação que pode ter impactado nesse resultado foi o viés de seleção. Cerca de 35% dos pacientes foram excluídos da análise por impossibilidade de contato para coleta de TCLE. Conclusão: Apesar do declínio da mortalidade pelas LAs nos últimos anos, as taxas ainda se mantêm elevadas, como demonstrado pelo estudo. Dessa forma, são necessárias melhorias no acesso de exames como citogenética e biologia molecular para tratamento mais direcionado, além de medidas para o diagnóstico precoce como e acompanhamento individualizado de acordo com o risco do paciente.