Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)
Perfil Clínico-Epidemiológico de crianças com Reações Adversas a antibióticos internadas em hospitais públicos brasileiros
Abstract
Introdução: As Reações Adversas a Medicamentos (RAM) em crianças são consideradas importantes problemas para a segurança dos pacientes e para os sistemas de saúde, pois contribuem para o aumento da morbimortalidade e os custos de hospitalização. Dentre os medicamentos, os antibióticos sistêmicos são os principais agentes envolvidos nas reações em crianças hospitalizadas. Assim, conhecer o perfil clínico e epidemiológico dessa população pode contribuir na elaboração de estratégias para melhorar a segurança dos pacientes. Objetivo: Caracterizar o perfil clínico-epidemiológico de crianças com reações adversas a antibióticos internadas em cinco hospitais públicos brasileiros. Metodologia: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, em cinco hospitais públicos no Brasil. Foram incluídas crianças de 0 a 12 anos, em uso de antibióticos por mais de 24 horas e hospitalizadas por no mínimo 48 horas. A coleta de dados foi realizada diariamente, durante seis meses de 2019. Os dados relacionados ao perfil clínico e epidemiológico foram coletados em uma ficha desenvolvida pela equipe de pesquisa. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos de cada centro responsável (SE:2.801.684; CE:3.027.780; RJ:3.264.238; DF:4.273.903; RGS: 3.782.762). Resultados: Durante o período de acompanhamento, 152 crianças apresentaram pelo menos uma RAM causada por antibiótico. A maioria dos pacientes era do sexo masculino 54% (n=83), com idade entre 28 dias e dois anos 57% (n=87). Quanto as características prévias a internação, 30% (n=45) dos pacientes possuíam alguma comorbidade e apenas 9% (n=14) reportaram histórico prévio de alergia a medicamentos. Quanto aos diagnósticos destes pacientes, a maioria tinha uma doença relacionada ao sistema respiratório 58% (n=88), outras infecções 29% (n=44) e doenças de pele 13% (n=20). Quanto ao tempo de hospitalização, apenas 20% (n=31) ficaram hospitalizados entre dois a sete dias, 30% (n=45) entre sete a 15 dias, e metade 50% (n=76) dos pacientes ficaram por um período superior a 15 dias, com média de 48 dias. Em relação ao número de antibióticos prescritos, apenas 25% (n=38) dos pacientes usou um único antibiótico e quase metade 46% (n=70) utilizaram três ou mais antibióticos durante a hospitalização. Conclusão: A maioria dos pacientes que apresentaram uma RAM era do sexo masculino, com idade entre 28 dias a dois anos. Além disso, possuíam uma doença relacionada ao sistema respiratório, ficaram hospitalizados por mais de 15 dias e utilizaram três ou mais antibióticos durante a hospitalização. Esses dados sugerem a necessidade de maior atenção para pacientes com determinadas características, a fim de manter a segurança dos mesmos durante a hospitalização.