Religião e Sociedade (Jan 2009)

O que os santos podem fazer pela antropologia?

  • Oscar Calavia Sáez

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-85872009000200010
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 2
pp. 198 – 219

Abstract

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O artigo sustenta que os santos podem servir de eixo a uma abordagem mais etnográfica e radical da antropologia da religião. De praxe, essa subdisciplina está excessivamente pautada pelas concepções de apenas um tipo de nativos: teólogos, sacerdotes, especialistas. Doutrinas estabelecidas servem como referência, e a religião comum vira assim uma religião popular, subalterna ou desviante. Os santos, personagens locais que no entanto atravessam fronteiras entre credos e são por sua vez subalternos nas elaborações teológicas, podem ser vistos como atores essenciais dentro de uma rede de relações (do tipo das propostas pela actor-network theory), a unir mitos, devotos, lugares, objetos ou personagens sagrados, rituais, doutrinas e, como um limite externo, Deus. Essa rede, sugiro, deve se reivindicar como objeto prioritário dos estudos sobre religião.This paper claim that saints must be at the core of a more ethnographic and radical approach to the Anthropology of Religion. Anthropology of Religion draw heavily on specialized conceptions of priests or theologians, while common religious practices are marked as popular or deviant ones. The saints, although local characters overlooked in theological discourse, overtake creed frontiers and can be seen as critical actors in a network (after the actor-network theory proposal) that links myths, believers, places, sacred things or personae, rituals, doctrine, and, as an outer edge, God. This network, I suggest, must be stressed as the main object of religion studies.

Keywords