Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ADQUIRIDA NA COMUNIDADE POR ENTEROCOCCUS HIRAE: UM RARO PATÓGENO DE INFECÇÃO HUMANA

  • Ângelo Fajardo Almeida,
  • Júlia Teixeira Ton,
  • Fernanda Carlos de Gois Oliveira,
  • Mariana Pinheiro Alves Vasconcelos

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102189

Abstract

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As infecções do trato urinário estão entre as infecções bacterianas mais comuns entre mulheres, ocorrendo a principalmente a partir da ascensão de bactérias uropatogênicas pelo trato urinário. Entre os patógenos, destacam-se Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis. Com relação aos Enterococos, os mais comuns são o E. faecalis e o E. faecium. Esse é um relato de caso de infecção do trato urinário adquirida na comunidade causada pelo agente Enterococcus hirae, em paciente portadora de hipertensão arterial sistêmica e proveniente de zona rural do interior do estado de Rondônia, na Amazônia Ocidental. Paciente D.B., sexo feminino, 66 anos, agricultora, procedente da cidade de Rolim de Moura (a 485Km da capital Porto Velho), e moradora da zona rural, onde realiza atividade de criação de galinhas e tem contato com suínos e bovinos. Histórico patológico pregresso de hipertensão arterial sistêmica e insuficiência venosa crônica periférica. Admitida no Centro de Medicina Tropical de Rondônia (CEMETRON), em Porto Velho-RO, via transferência de Pronto Atendimento, na admissão, quadro de dor abdominal moderada, hipotensão arterial (PA: 73 × 45 mmhg - PAM: 54 mmHg) e náuseas há 5 dias, nos últimos dois dias evoluiu com episódios febris (máximo 38,5oC). Exames laboratoriais: Leucócitos: 21.840, Bastões 6%, Segmentados 83%. Ultrassonografia de rins e vias urinárias sem alterações. Hemoculturas negativas. Urocultura positiva para Enterococcus hirae, resistente a Penicilina, intermediário a Linezolida e sensível a Ampicilina, Vancomicina e Daptomicina. Enterococcus hirae é uma causa rara de infecção em humanos, sendo descrita em animais, foi identificado pela primeira vez em galinhas. Poucos casos foram descritos em humanos. A paciente descrita talvez tenha como fator de risco o contanto diário com galinhas, além da possibilidade de contato com outros pássaros na zona rural na região amazônica.