Revista de Ciências Agrárias (Jan 2009)
Efeito de fertilizantes minerais e orgânicos na produção de Azevém (Lolium multiflorum L.): produção de matéria seca e azoto aparentemente recuperado Effect of mineral and organic fertilizers in the ryegrass yield (Lolium multiflorum L.): Dry matter yield and apparent N recovery
Abstract
Para avaliar o azoto disponibilizado para as plantas a partir de fertilizantes minerais e orgânicos, foi instalado um ensaio em vasos com azevém anual. Os fertilizantes utilizados foram: Casca de Castanha (CC) com 0,6% de azoto (N); Estrume de Bovino (EB), com 2,3% de N; Beira Adubo (BA), um guano comercial com 3,0% de N; Nitrato de Amónio (NA), com 20,5% de N, Entec (En), adubo com um inibidor da nitrificação, com 26% de N; e Fertigafsa (Fg), adubo composto ternário 4-16-12. Estabeleceu-se também uma modalidade Testemunha (T) sem N. Todos os fertilizantes foram aplicados em dose equivalente a 200 mg de N por kg da fracção terra fina de um solo com textura franco-limosa, com pH (H2O) 5,2 e 27 g kg-1 de matéria orgânica. Em todos os vasos foi aplicada uma solução nutritiva sem N. A sementeira foi efectuada a 1 de Outubro de 2004. Após germinação, foram mantidas 50 plantas por vaso. A produção de biomassa foi avaliada em 6 cortes, entre 9 de Novembro de 2004 e 4 de Agosto de 2005. Foi avaliada a produção de biomassa, o N exportado e o N aparentemente recuperado (NAR). A produção média acumulada de matéria seca variou significativamente entre 1,7 e 4,1 g/vaso em T e NA, respectivamente. A modalidade NA registou a exportação mais elevada (167 mg N/vaso) e o maior valor de NAR (64%). Entre os fertilizantes minerais destacou-se o menor valor de NAR associado a En (45%), enquanto que os materiais orgânicos BA e EB tiveram comportamento semelhante entre si (24 e 22%, respectivamente). Nestas condições, os fertilizantes orgânicos (BA e EB) e En foram pouco efectivos na libertação de N para a cultura. Os resultados fazem antever dificuldades na gestão destes fertilizantes em culturas anuais de ciclo curto, uma vez que estas podem ficar privadas de N durante fases importantes do seu desenvolvimento.A pot experiment with italian ryegrass was carried out to evaluate the N release from several fertilisers and organic amendments. The fertilizing materials were: chestnut fruit bark (CC), with 0.6% N, farmyard manure (EB), with 2.3% N, Beira Adubo (BA), a commercial organic amendment with 3% N; ammonium nitrate (NA), with 20.5% N; Entec (En), a fertiliser with a nitrification inhibitor, with 26% N; Fertigafsa (Fg) a 4-16-12 compound fertiliser, and control (T) without N fertilisation. All the fertilisers were applied at a rate equivalent to 200 mg N per kg of soil (< 2mm). A silt-loam soil with pH(H2O) 5.2 and 27 g kg-1 of organic matter was used in the soil/fertiliser mixtures. A nutrient solution without N was added to all the pots. The crop was sown on the 1st October, 2004. After crop emergence, the plants were thinned to 50 plants per pot. Six harvests of ryegrass were taken between November 9, 2004 and August 4, 2005. Nitrogen uptake and apparent N recovery (NAR) were also estimated after the determination of tissue N content. Total dry matter yields (6 cuts) were significantly different between treatments. Extreme values ranged between 1.7 g/pot (T) and 4.1 g/pot (NA). The higher N uptake was recorded in the NA treatment (167 mg N/pot), as well as the higher NAR (64%). Entec produced the lowest NAR (45%) among the mineral fertilisers. The organic amendments BA and EB showed similar NAR, 24 and 22%, respectively. The N released from BA, EB and En during the growing season was very low. The results stress the difficulties in properly managing this kind of fertilisers in annual crops with short growing cycles, where a N shortage could occur during important phases of crop development.