Revista Brasileira de Educação Médica (May 2019)

Percepção discente e docente sobre o desenvolvimento curricular na atenção primária após Diretrizes Curriculares de 2014

  • Valter L M Rezende,
  • Barbara Souza Rocha,
  • Alessandra Naghettini,
  • Marcos Rassi Fernandes,
  • Edna Regina Silva Pereira

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2rb20180237
Journal volume & issue
Vol. 43, no. 3
pp. 91 – 99

Abstract

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RESUMO As novas diretrizes curriculares nacionais (DCN) do curso de medicina preveem uma formação com maior foco na Atenção Primária à Saúde. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), buscando estas mudanças e adaptando-se às DCN de 2014, criou um novo Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Este estudo avaliou as percepções de discentes e docentes sobre o desenvolvimento do novo currículo do curso de medicina de uma Universidade Federal da região centro-oeste do Brasil, após as novas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014, quanto ao ensino na Atenção Primária à Saúde (APS). Realizou-se uma pesquisa qualitativa, cuja coleta de dados ocorreu por meio de dois grupos focais: um com docentes e outro com discentes. As perguntas norteadoras foram relacionadas ao entendimento dos discentes sobre a APS e a concordância entre os assuntos teóricos e o que é visto nas atividades práticas, a avaliação do novo PPC e as críticas e sugestões ao novo currículo e a desospitalização. Com docentes, as perguntas-guia questionaram sobre a implementação do novo currículo, a avaliação do novo PPC, a percepção de apoio institucional e as críticas à formação na APS. Para análise dos dados oriundos da transcrição dos grupos focais utilizou-se a técnica de análise de conteúdo que buscou sistematizar as questões respondidas pelos participantes, facilitando sua interpretação. Quanto à modalidade, foi escolhida a análise temática fundamentada em Bardin. A percepção de discentes e docentes foi que o desenvolvimento do novo currículo ainda é frágil. Os discentes apontaram a depreciação do ensino na APS por alguns professores e a falta de longitudinalidade no ensino da APS. Os docentes destacaram a falta de apoio da gestão municipal, escassez de campos de estágio e de formadores qualificados para esta mudança. Conclui-se que o novo currículo, mesmo desenhado para contemplar o ensino na APS, apresenta algumas lacunas de temas relevantes, enfrenta resistências por parte do corpo docente e carece de professores com formação específica na área.

Keywords