Sur le Journalisme (Apr 2014)
Un manuel de journalisme au service des « invisibles » ? Le cas du Data Journalism Handbook
Abstract
Manuel international décliné en plusieurs langues, le Data Journalism Handbook s’est imposé comme l’une des principales références sur le datajournalisme. Il propose une vulgate ouverte, révélant les usages émergents fédérés ce nouvel idéal professionnel. L’invocation de la tradition du manuel de journalisme semble entrer en contradiction avec cet objectif. Les manuels privilégient usuellement ce qui est déjà visible dans la profession. Un manuel de journalisme qui encouragerait l’affirmation de pratiques « invisibles » est-il envisageable ? Dans cette étude, nous avons procédé à une analyse croisée des supports, des acteurs et des discours. L’étude du dispositif révèle un décalage significatif entre le discours que l’ouvrage tient sur lui-même et ses conditions de production : l’apport communautaire a été canalisé par les éditeurs de l’ouvrage. Un recensement des auteurs suggère une grande diversité de profils : tout en confortant les acteurs existants, le manuel a encouragé une prise de parole inédite. Enfin les conceptions du datajournalisme sont empreintes d’une certaine ambiguïté. S’ils appellent à une redécouverte d’usages dissimulés, les auteurs retiennent une vision épistémologique classique du journalisme. Les bases de données sont ainsi posées en amont, sans que le travail nécessaire à leur constitution ne soit rendu visible. La révélation des invisibles apparaît ainsi surtout dans le processus d’écriture du manuel : des intervenants marginaux ont effectivement pris la parole. La contrainte formelle du genre manuel aurait, pour le reste, limité la promesse initiale. Bien que s’inspirant ouvertement des communautés en ligne, l’ouvrage a été élaboré d’une manière toute classique : quelques éditeurs font appel à des contributeurs, dont le travail s’intègre dans un cadre déjà formalisé. Sur le plan des discours, il prône davantage l’intégration du datajournalisme dans des idéologies préexistantes, plutôt que l’affirmation d’un contre-journalisme. Plus qu’une synthèse définitive du datajournalisme, le Data Journalism Handbook symboliserait sa solubilité dans les structures et les représentations dominantes de la profession. As an international handbook available in several languages, the Data Journalism Handbook has established itself as one of the main references on data journalism. It proposes an open vulgate, revealing the emerging uses uniting this new professional ideal. Invoking the tradition of the journalistic handbook seems to contradict this goal. Handbooks usually advance what is already visible in the profession. Is it feasible for a journalistic handbook to encourage the acknowledgement of the “invisible”? In this study, we conducted a comparative analysis of the media, players and discourses. A study of the instrument reveals a significant gap between how the book presents itself, and its production conditions: contributions from the community were channelled by the editors of the book. A survey of authors suggests a diversity of profiles: all the while accommodating existing actors, the manual encouraged an unprecedented contribution from others. And finally, the designs of data journalism are imbued with a certain ambiguity. Even though they call for a rediscovery of hidden uses, the authors retain a classical epistemological vision of journalism. Databases are therefore placed upstream without making visible the work necessary in their creation. Rendering “invisibles” visible, therefore, takes place especially in the process of writing the manual: marginal contributors indeed spoke. The formal constraints of the instrument, the “handbook,” limited the initial promise for the rest. Although openly inspired by online communities, the book was developed in a classical way; a few editors relying on contributors whose work was integrated into a preexisting framework. In terms of discourse, it advocates including data journalism in preexisting ideologies, rather than assert an “anti-journalism.” More than a synthesis of data journalism, the Data Journalism Handbook symbolizes its solubility within the dominant structures and representations of the profession. Manual internacional vertido para várias línguas, o Data Journalism Handbook se impôs como uma das principais referências sobre o jornalismo de dados. Ele propõe uma vulgata aberta que revela os usos emergentes e unificados desse novo ideal da profissão. A invocação da tradição do manual de redação parece entrar em contradição com esse objetivo. Os manuais privilegiam usualmente o que já está visível na profissão. Afinal, um manual de redação jornalística capaz de incentivar a emergência de práticas “invisíveis” é algo desejável? Neste estudo, confrontamos, na análise, os suportes, os atores e os discursos. O estudo do dispositivo revela uma defasagem significativa entre o discurso que o manual faz sobre si mesmo e suas condições de produção: durante esse processo, as contribuições da comunidades foram canalizadas pelos editores do livro. Informações sobre os autores sugerem uma grande diversidade de perfis. Assim, ao mesmo tempo em que abriu espaço a atores sociais já estabelecidos, o manual passou a encorajar uma contribuição coletiva sem precedentes. Enfim, as concepções do jornalismo de dados são marcadas por certa ambiguidade: seus autores destacam sua capacidade de redescobrir práticas em desuso, mas acabam reforçando uma visão epistemológica tradicional do jornalismo. Dessa forma, as bases de dados são colocadas em evidência, sem que o trabalho necessário para constituí-las seja visível. A revelação dos invisíveis aparece, nesse caso, sobretudo no processo de redação do manual: ele dá abertura à colaboração de participantes que estão à margem. Os limites formais implícitos ao gênero manual acabariam, nesse caso, por restringir a promessa inicial do livro. Apesar de se inspirar abertamente nas comunidades online, o manual foi elaborado a partir de um formato tradicional: os editores convidaram colaboradores, cujo trabalho já se encontra integrado a um contexto formal. Do ponto de vista do discurso, existe, de certa forma, uma proclamação de integração do jornalismo de dados às ideologias pré-existentes, mais do que a afirmação de um contra-jornalismo. Para além de uma síntese definitiva do jornalismo de dados, o Data Journalism Handbook simbolizaria sua dissolução nas estruturas e representações dominantes da profissão.