Educação em Análise (Dec 2024)

Medicalização para a escola: o que se espera de uma criança?

  • Monica Campos de Oliveira,
  • Clara Powaczruk Affonso da Costa

DOI
https://doi.org/10.5433/1984-7939.2024v9n4p944
Journal volume & issue
Vol. 9, no. 4

Abstract

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Este artigo objetiva problematizar a crescente demanda das escolas por avaliação médica para as crianças, cujos comportamentos fogem do que é esperado pela instituição. Assim, explora a crescente medicalização de crianças e sua relação com o contexto escolar, por meio de revisão bibliográfica, complementada pela apresentação de duas vinhetas clínicas. Ao longo da discussão são apresentados fatores culturais e históricos que influenciam os conceitos de normalidade e patologia, e como estes se alteram ao longo do tempo, afetando práticas médicas e educacionais. Destaca-se o aumento no uso de psicofármacos e na incidência de diagnósticos de transtornos psicopatológicos em crianças, considerando a influência das escolas na construção dessas percepções e na demanda por serviços de saúde. Percebe-se, através do percurso percorrido, que a ênfase na medicalização traz impactos significativos não somente às crianças, mas também no papel dos educadores e da instituição escolar. A medicalização retira da criança a possibilidade de lidar com suas questões e retira também do professor o lugar do seu saber. Dessa forma, ignora-se o poder transformador do ambiente escolar. Entende-se que o papel da escola vai além de apenas identificar sintomas de patologias. É também um espaço para escuta, elaboração e transformação.

Keywords