Revista de Economia Mackenzie (Mar 2010)

Poupança externa, vulnerabilidade e crise cambial: os casos de México, Brasil e Argentina

  • Douglas Alcantara Alencar,
  • Paulo Rogério Scarano

Journal volume & issue
Vol. 8, no. 2
pp. 35 – 68

Abstract

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O objetivo do presente trabalho é identificar as possíveis relações entre a utilização de poupança externa e a deterioração dos indicadores de vulnerabilidade externa no período que antecedeu as crises cambiais do México, do Brasil e da Argentina, que ocorreram entre 1994 e 2001. Para tanto, faz-se necessária uma breve discussão teórica sobre a questão da vulnerabilidade externa e suas formas de mensuração, de modo a estabelecer as possíveis relações entre esta e a utilização de poupança externa. Entre os procedimentos metodológicos necessários à realização deste trabalho, lista-se, primeiro, o levantamento de dados dos países analisados que envolve: contas nacionais, dívida externa líquida, dívida externa de curto prazo, serviço da dívida externa, exportações de bens e serviços, reservas internacionais e PIB, que foram obtidos junto a organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. A partir desses dados, são calculados diferentes indicadores de vulnerabilidade, como as relações dívida externa/exportações, reservas/dívida externa, serviço da dívida/exportações e serviço da dívida/PIB, para permitir a análise comparativa entre as economias envolvidas. Vale destacar que as economias analisadas apresentam em comum o fato de terem recorrido vultosamente à poupança externa nos períodos que antecederam suas respectivas crises. Contudo, o crescimento econômico apresentado pelos países naquele período foi pouco significativo se comparado ao crescimento médio das economias emergentes. O trabalho avalia que concorreu para isso o fato de que tais países não direcionaram a maior parte dos recursos captados no exterior para o setor produtivo, como evidencia a baixa proporção da formação bruta de capital fixo em relação ao PIB no período. Os dados analisados revelam, ainda, deterioração dos indicadores de vulnerabilidade externa de México, Brasil e Argentina. Conclui-se, portanto, que tal deterioração está associada à forma de utilização da poupança externa, que acabou por substituir a poupança interna, em vez de complementá-la.

Keywords