Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Jan 2023)

Hospitalizações de indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia no sistema único de saúde em minas gerais: aspectos sociodemográficos e custo do tratamento

  • Laíse Sofia de Macedo Rodrigues,
  • André Soares Santos,
  • Augusto Afonso Guerra Júnior,
  • Márcia Mascarenhas Alemão,
  • Helian Nunes de Oliveira,
  • Edna Afonso Reis,
  • Carlos Eduardo Leal Vidal,
  • Cristina Mariano Ruas Brandão

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2016.v1.s1.p.32
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s. 1

Abstract

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Introdução: A redução dos custos de tratamento, o restabelecimento funcional e a melhora da qualidade de vida dos indivíduos com o diagnóstico de esquizofrenia é associado à redução das recaídas, reinternações e tempo de internação. O conhecimento dos fatores associados às internações e permanência dos pacientes pode ser utilizado por gestores e formuladores de políticas para melhorar o prognóstico desses indivíduos no Brasil. Objetivo: Descrever as variáveis sócio-demográficas e clínicas, identificar os determinantes do tempo de permanência e estimar o custo do tratamento hospitalar em indivíduos com diagnóstico de esquizofrenia no estado de Minas Gerais. Métodos: Foi conduzida uma coorte não-concorrente em três hospitais psiquiátricos de Minas Gerais entre 2010 e 2013. Os dados foram coletados dos prontuários in loco. A associação entre variáveis foi avaliada via modelo de regressão linear. Os custos foram calculados por um método de custeio de absorção, considerando o custo médio de um leito em hospital psiquiátrico e o tempo médio de internação dos pacientes avaliados. Resultados: Foram identificados 1.928 pacientes. A maior parte era do sexo masculino (67.8%), não tinha companheiro (83,8%), estudou até o ensino fundamental (65,1%), não tinha ocupação (67,7%) e vivia na cidade do hospital (54,9%). O uso de drogas foi reportado por 46,5% dos pacientes e a presença de comorbidades por 25,9%. O tempo médio de permanência foi de 30,3 dias (DP=37,5 dias). Pacientes do sexo feminino, que vivem em cidades diferentes de onde foram atendidos, hospitalizados involuntariamente ou mandatoriamente e em uso de antipsicóticos atípicos e típicos concomitantemente mostraram-se associados a tempos de permanência mais longos. Essas variáveis explicaram 11% da variação do tempo de internação dos pacientes. O custo médio de hospitalização foi R$ 11.713,07 (US$ 5.300,03). Discussão: Há diferenças nas internações quanto ao sexo e outros aspectos sociodemográficos. Nesses hospitais, há predominância de pacientes do sexo masculino, solteiros, com baixo nível educacional e sem atividade laboral. As internações são consideradas os custos diretos mais relevantes da esquizofrenia. Os medicamentos contribuem com um valor menor. A redução das reinternações ou do tempo de permanência pode ser primordial para a redução dos custos. Na revisão de literatura o tempo de permanência reportado variou entre 21 e 50 dias, próximo ao encontrado nesse estudo. Há possibilidade de variação do custo segundo o diagnóstico, mas essa diferença não foi abordada. Conclusão: Foi observado que a maior parte dos pacientes era do sexo masculino, solteiro, com baixo nível educacional e sem atividade laboral. Sexo feminino, local de moradia diferente da localização do hospital, tipo de internação involuntária e associação de antipsicótico (típico + atípico) apresentaram associação estatisticamente significante com o aumento do tempo de permanência hospitalar no modelo de regressão linear.