Cadernos de Campo (Jul 2009)
O rural em Celso Furtado: repensando a crítica de Francisco de Oliveira ao subdesenvolvimento
Abstract
O pensamento social brasileiro é marcado na década de 1950 pelo desenvolvimentismo: a indústria, a urbanização e a imigração associada ao êxodo rural re-configuram as ações do Estado no plano político e econômico. O fim de uma vocação agrária ligada à crise da economia cafeeira, delineando um cenário de industrialização pujante, foi fundamental para a consolidação da noção de subdesenvolvimento. Ao campo fora reservado um lugar na teoria de Furtado, presente na noção de dualidade estrutural: o atraso social e econômico do país é em razão da sobrevivência de uma estrutura pré-capitalista no campo, que, co-existindo em antagonismo com o urbanoindustrial, caracteriza o que é um país subdesenvolvido. A partir do trabalho de Francisco de Oliveira, Crítica a razão dualista (2003), este trabalho tem por objeto elaborar uma reflexão do papel da economia agrária e do mundo rural presentes na noção furtadiana de dualidade estrutural. O objetivo é analisar a obra de Furtado entre 1950-1964, e confrontá-la com o “balanço crítico” de Oliveira. A sobrevivência de uma “estrutura pré-capitalista” ligado a “economia de subsistência” obstrui o crescimento industrial, é um resquício colonial, e é condição que deve ser superada para Furtado. Oliveira traça um caminho cujo agrário é um lugar fundamental que contribuí para a acumulação urbano-industrial.