Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (Feb 1984)

Avaliação terapêutica do praziquantel (Embay 8440) na infecção humana pelo S. mansoni Therapeutical investigation of praziquantel in human infection due to Schistosoma mansoni

  • Silvino Alves de Carvalho,
  • Vicente Amato Neto,
  • José Murilo Robilotta Zeitune,
  • Moisés Goldbaum,
  • Euclides Ayres de Castilho,
  • Rose Mary Grossman

Journal volume & issue
Vol. 26, no. 1
pp. 51 – 59

Abstract

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Foram tratados com praziquantel, dose oral única de 40 ou 50 mg/kg, 200 indivíduos portadores de esquistossomose mansoni, matriculados na Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As idades dos pacientes variavam de seis a 63 anos, sendo que 33 (16,5%) eram menores de 15 anos. Os principais efeitos colaterais consistiram em tontura 27,5%; sonolência 21,0%; eólica 17,5%; náusea 16,0%; diarréia 9,0%; cefaléia 7,5%; vômito 4,0%; febre 2,0%; disenteria 1,0%; tremor 1,0%; exantema 1,0% e urticaria 0,5%. A toxicidade do medicamento foi investigada mediante a realização, pré e pós-tratamento, de exames hematimétricos, bem como de função renal (uréia e creatinina), hepática (enzimas de liberação hépato-canalicular e bilirrubinas), cardíaca (ECG) e neuropsiquiátrica (EEG). Não foram encontradas nesses controles alterações relevantes que repercutissem clinicamente. O controle de cura verificou-se em 115 indivíduos, através de oito coproscopias, no período de seis meses, subseqüente ao tratamento, utilizando-se duas técnicas (HOFFMAN e KATO/KATZ) para cada amostra de fezes. Dos 82 indivíduos que tiveram as oito coproscopias negativadas, 62 realizaram biópsia retal. Essa mostrou-se positiva em duas oportunidades, indicando um percentual de 3,2% de achados falsos negativos com relação às coproscopias. Os índices de cura variaram de 65,2%, nos pacientes menores de 15 anos, a 75% nos acima dessa idade. Para todas as faixas etárias a eficácia foi de 71,3%. Os resultados obtidos demonstram ter o praziquantel, nas doses empregadas, relativa eficácia no tratamento da esquistossomose mansoni, bem como ser determinante de baixos efeitos tóxico-colaterais.Two hundred patients with schistosomiasis mansoni, registered in the Infectious and Parasitic Disease Ward, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, were treated with praziquantel, single oral dose of 40 or 50 mg/kg BWT. Their ages ranged from 6 to 63 years and 33 cases (16.5%) were under 15 years old. The main side-effects were: dizziness 27.5%; drowsiness 21.0%; abdominal cramps 17.5%; nausea 16.0%; diarrhea 9.0%; headache 7.5%; vomiting 4.0%; fever 2.0%; dysentery 1.0%; shivers 1.0%; rash 1.0% and urticaria 0.5%. The drug toxicity was evaluated by laboratory workout — blood counts, hepatic function tests (serum enzymes and bilirubin), kidney function tests (BUN and creatinine), EKG and EEG — performed before as well as after treatment. No relevant abnormality was found leading to clinical manifestations. Success of therapy was assessed in 115 cases through eight consecutive stool examinations performed during the six-month period following the drug administration. Both Hoffman's and Kato-Katz's techniques were used. Rectal biopsy was carried out in 62 patients out of 82 whose stool examinations were negative. Two positive cases were found indicating a 3.2% rate of false-negative results in relation to stool examinations. The cure rates varied from 65.2% in patients under 15 years old to 75.0% in those over this age. The mean rate was 71.3%. These results point out that praziquantel, at the used dose levels, is relatively efficaceous in the treatment of schistosomiasis mansoni and yields a low incidence of side effects and toxic reactions.