Revista Ciência em Extensão (Jun 2016)

O conhecimento sobre leishmaniose visceral: Suficiente para controle e prevenção?

  • Silvana Cassia Paulan,
  • Diogo Tiago Silva,
  • Aline Gouveia de Souza Lins,
  • Flavia Luna Lima,
  • Michely Silva Tenório,
  • Karen Ingrid Tasca,
  • Alan Rodrigo Panosso,
  • Wilma Aparecida Starke-Buzetti

Journal volume & issue
Vol. 12, no. 2
pp. 47 – 60

Abstract

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A Leishmaniose Visceral (LV), zoonose com distribuição cosmopolita e responsável por milhões de casos em humanos todos os anos, tem como agente etiológico protozoários do gênero Leishmania, e sua transmissão ocorrem através da picada de flebotomíneos. Alterações no ambiente, como desmatamentos, expansão de zonas urbanas para bordas de matas, entre outros, tem conduzido a uma urbanização desta doença e a falta de conhecimento pode aumentar do risco de infecção humana. O objetivo desse estudo foi: i) avaliar o conhecimento de famílias estabelecidas no assentamento rural “Estrela da Ilha” de Ilha Solteira/SP sobre LV, ii) realizar o diagnóstico para leishmaniose visceral canina (LVC) nos cães dessas famílias e, iii) submeter os resultados à análise de dependência pelo teste qui-quadrado e prova exata de Fischer (p?0,05), para saber se tais conhecimentos são suficientes para o controle e prevenção desta zoonose no ambiente rural. Foram entrevistadas 39 famílias por meio de questionário e coletadas amostras de sangue de 93 cães submetidos ao ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), para detecção de anticorpos anti-Leishmania. A presença de cães com LVC foi de 25,8% (24/93), sendo que 46,15% (18/39) das famílias eram tutores de cães com a doença. Pela análise de Fischer observou-se dependência entre as variáveis “cães das famílias, com LVC” versus “atitudes das famílias diante de um caso suspeito de LVC” (p = 0,0076) e sobre “como a população pode contribuir para o controle da LVC” (p = 0,0457). Em ambas as avaliações a maior porcentagem das famílias souberam responder como proceder, porém não foram suficientes para reduzir o número de cães infectados em suas residências. A variável “cães das famílias, com LVC” também esteve dependente em relação à falta de conhecimento das famílias sobre o “horário de alimentação do vetor” (p = 0,0312). Conclui-se que as famílias rurais deste estudo apresentam conhecimentos fragmentados sobre a doença, resultando em práticas pouco eficientes como medida profilática da LVC. Dessa forma, a falta de ação conjunta (conhecimento e medidas básicas preventivas) podem aumentar as chances de casos de leishmaniose em humanos e em cães nesta zona rural.

Keywords