Letras & Letras (Feb 2015)
Realidade e representação cultural em Le Clezio
Abstract
Le Clézio, escritor francês contemporâneo, apresenta, em Révolutions, uma narrativa poética de experiências vividas (o próprio Le Clézio?), recuperando uma trajetória da infância à maturidade, permeada pela reconstrução de narrativas orais, paralelas, com as quais se reconhece identitariamente, propondo reconquistar ou buscar as lembranças dos antepassados, do pai, das origens de um menino-personagem-filho que voltou atrás, à África, às Ilhas Maurício, aos confins de Camarões e da Nigéria, para se desvendar os segredos e lacunas deixadas pelo Outro – que também resulta em um Si-próprio. Nessa obra, o autor desvenda uma experiência múltipla que, de um lado, desenha um estrangeiro, em uma França que o acolhe sem, no entanto, reconhecê-lo. Nesse sentido, o trabalho aqui proposto – ancorado em estudos teóricos críticos culturais, especialmente sobre transculturação, identidade, colonialismo, dentre outros - pretende desvelar os caminhos de uma narrativa ancorada nas lembranças da memória de Si e do Outro, e na criação de identidades, de forma a propor uma leitura transcultural, ainda que individual e distanciada pela intimidade com o eu ficcional, de recuperação ou delineamento de experiências culturais e estruturantes de um viver contemporâneo.