Revista Portuguesa de Cardiologia (Apr 2022)
Infective endocarditis: Epidemiology and prognosis
Abstract
Introduction: Infective endocarditis (IE) is associated with high morbidity and mortality, despite advances in diagnosis and treatment. Objective: To assess changes in the epidemiological profile of IE, to perform a time-trend analysis and to define short-term and long-term prognostic predictors of IE. Methods: Retrospective analysis of 173 patients admitted with a diagnosis of IE to a Portuguese level II Hospital between January 1998 and December 2013. The patients were divided into two groups according to the period of occurrence of the IE episode (1998-2007 vs. 2008-2013). The clinical event studied was the occurrence of death or the need for urgent surgery during hospitalization, and death in the follow-up period. Independent predictors of short-term and long-term prognosis were identified. Results: In the first portion of the study, IE occurred in younger individuals, often drug addicts, users of intravenous drugs and with gastrointestinal disease, human immunodeficiency virus and hepatitis B infection. In the second portion of the study, IE occurred more frequently in individuals of an older age with concomitant cardiovascular disease; enterococcus was isolated more frequently. The independent predictors of in-hospital death or need for urgent valve surgery were septic shock and the occurrence of peri-annular complications. The independent predictors of long-term mortality were age, chronic kidney disease and IE due to multidrug-resistant microorganisms. Conclusion: Differences were found in the epidemiological profile of IE during the study period. Referral for valve surgery increased slightly, but mortality remained high. Resumo: Introdução: A endocardite infeciosa (EI) associa-se a elevada morbimortalidade, apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento desta entidade. Objetivos: Avaliar alterações no perfil epidemiológico da EI, realizar uma análise de tendência/evolução temporal e definir os preditores de prognóstico em curto e longo prazo. Métodos: Análise retrospetiva de 173 doentes internados com EI num hospital português nível II, entre janeiro de 1998 e dezembro de 2013. Os doentes foram divididos em dois grupos, de acordo com o período de ocorrência da EI (1998-2007 versus 2008-2013). O evento clínico estudado foi a ocorrência de morte ou necessidade de cirurgia urgente durante o período de internamento e a morte no período de follow-up. Identificados os preditores independentes de prognóstico em curto e longo prazo. Resultados: No primeiro período do estudo a EI ocorreu em indivíduos mais jovens, frequentemente toxicodependentes, utilizadores de drogas intravenosas e com doença gastrointestinal, infeção por HIV e HBV. No segundo período do estudo esta patologia ocorreu mais em indivíduos de idade mais avançada, com patologia cardiovascular concomitante e o Enterococcus foi isolado mais frequentemente. Os preditores independentes de morte no internamento ou necessidade de cirurgia valvular urgente foram o choque séptico e a ocorrência de complicações perianulares. Os preditores independentes de mortalidade em longo prazo foram a idade, a doença renal crónica e a EI por microrganismos multirresistentes. Conclusão: Verificaram-se diferenças no perfil epidemiológico da EI durante o período de estudo. A taxa de orientação para cirurgia valvular aumentou ligeiramente, mas a taxa de mortalidade manteve-se alta.