Revista Brasileira de História & Ciências Sociais (Jun 2015)
As práticas mágicas em Castela no Colírio da fé contra as heresias de Álvaro Pais no século XIV
Abstract
Álvaro Pais iniciou a redação do Colírio da fé contra as heresias entre os anos de 1345-1348. O texto enquadra-se no gênero das obras apologéticas do século XIV e, segundo o autor, tinha como objetivo precípuo combater toda e qualquer maldade herética e coibir os erros novos e velhos que, como uma peste, acometiam os reinos de Portugal e Castela, na primeira metade do século XIV. Seu intuito era “tentar ungir e curar os olhos de todos os fiéis”. No Colírio, cada artigo abrange um erro ou uma heresia consistindo na sua descrição pormenorizada e na sua conseqüente refutação, um útil instrumento pastoral, e um instrumento prático eficaz para os sacerdotes objetarem as heresias com base na Teologia e no Direito. Para tanto, o frade galego recolhe seus argumentos nas Sagradas escrituras, no Corpus Iuri Canonici e em obras dos Padres da Igreja, dentre eles Martinho de Braga e Isidoro de Sevilha, deste último compila literalmente o Liber oitavo das Etimologias. O objetivo deste artigo é a análise do pensamento de Álvaro Pais acerca da presença de astrólogos e adivinhos, mágicos, encantadores, agoureiros, nigromânticos e agentes, cujas práticas eram consideradas pecados contra fé, portanto, heresias que deveriam ser extirpadas daquela sociedade.