Revista Brasileira de Geomorfologia (Jan 2020)

DISTRIBUIÇÃO DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA REGIÃO SUL DO ESPÍRITO SANTO E SUA RELAÇÃO COM A DEFORMAÇÃO NEOTECTÔNICA

  • Daniel Carvalho West,
  • Claudio Limeira Mello

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v21i1.1667
Journal volume & issue
Vol. 21, no. 1

Abstract

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A Formação Barreiras é uma unidade litoestratigráfica terrígena, de idade miocênica, com distribuição ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e do Rio de Janeiro, associada a uma típica morfologia de tabuleiros. Devido a sua ampla distribuição e idade, a unidade é tratada como um marco estratigráfico e geomorfológico para estudos neotectônicos. O presente estudo tem por objetivo analisar a distribuição dos depósitos da Formação Barreiras na região sul do Espírito Santo, entre o rio Itabapoana (divisa com o Rio de Janeiro) e a cidade de Guarapari, discutindo a sua relação com a deformação neotectônica. Foi realizado o mapeamento das ocorrências da Formação Barreiras em uma escala de 1:25.000 através da delimitação dos terrenos com a morfologia de tabuleiros, em contraste com os padrões morfológicos das unidades adjacentes (embasamento cristalino e sedimentos quaternários). Essa etapa foi efetuada sobre hillshades derivados de modelo digital de elevação de alta resolução, obtidos a partir de pares de ortofotos com pixel de 1 metro. Análises estruturais envolveram a extração e a quantificação de lineamentos, assim como a medição de pares falha/estria afetando os depósitos da Formação Barreiras e coberturas mais recentes, com a interpretação dos campos de paleotensões associados. Três áreas principais de ocorrência dos depósitos da Formação Barreiras foram individualizadas, a mais extensa situada entre os rios Itabapoana e Itapemirim. Essas áreas apresentam limites NE-SW, relacionados a alinhamentos de altos topográficos do embasamento, e NW-SE a NNW-SSE, associados às drenagens principais e áreas de exposição do embasamento em terrenos colinosos. Em direção ao interior, os depósitos da Formação Barreiras encontram-se mais dissecados e afloram com menor espessura, até formarem apenas uma delgada capa sobre o embasamento. A morfologia de tabuleiros apresenta, em geral, um caimento suave para o litoral, apresentando desníveis topográficos com orientações NE-SW que definem diferentes blocos, porém alguns com caimento para o interior. Destaca-se ainda a presença de altos de embasamento de direção NE-SW limitando setores onde os tabuleiros estão topograficamente rebaixados. Tais aspectos sugerem um controle por falhas normais, formando grábens e horstes. Os tabuleiros também estão compartimentados em blocos com orientações NW-SE a NNW-SSE, com basculamento principalmente para NE, sugerindo uma estruturação em hemigrábens. Os dados estruturais analisados sustentam a interpretação de controles por mecanismos neotectônicos na compartimentação dos tabuleiros, sendo reconhecidas duas fases deformacionais. A primeira fase é caracterizada por falhas normais NW-SE e falhas transcorrentes NNW-SSE, NNE-SSW e ENE-WSW, atribuídas a um evento de transcorrência dextral E-W, ao qual estariam associadas as feições morfológicas de orientação NW-SE e NNW-SSE. Uma segunda fase, mais recente, é caracterizada por falhas normais NE-SW, atribuídas a um evento de distensão NW-SE, ao qual são associadas as feições morfológicas NE-SW.

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