Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (Jul 2023)

Bebidas fermentadas brasileiras: considerações histórico-semânticas sobre aluás

  • Gabriel Ferreira Gurian

DOI
https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2022-0087
Journal volume & issue
Vol. 18, no. 2

Abstract

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Resumo O presente artigo tem por objetivo tecer uma breve reflexão acerca da trajetória do termo ‘aluá’. Questiona-se como uma mesma denominação terminou por designar bebidas fermentadas brasileiras diferentes, apartadas por quesitos amplamente pactuados como fatores de distinção, notadamente os elementos de base postos a fermentar, no caso, o milho, o arroz ou o abacaxi, e as técnicas empregadas em sua feitura, que podem ou não, por exemplo, incluir o cozimento e a insalivação do mosto, entre outras variáveis. O que possivelmente se entremeou e como se deu esse processo para que a percepção e o vocabulário coletivos refletissem um pacto de adequação semântica em que uma só designação comportaria beberagens distintas? Para tentar responder à questão, realiza-se um mapeamento das não muito numerosas menções e descrições dessas bebidas, numa documentação variada em língua portuguesa que contempla um amplo recorte da história brasileira. Ulteriormente, argumenta-se que alcunhas de significações flexíveis, pareadas à falta de objetividade comum do que determinava a maneira como certas beberagens eram designadas, sofreram alterações de sentido na medida em que diferentes fermentados também eram desenvolvidos e trivializados no cotidiano brasileiro, terminando por serem ulteriormente referidos como aluás em razão de elementos comuns em seu preparo.

Keywords