Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil (Dec 2010)

Abortamento provocado na adolescência sob a perspectiva bioética Abortion among adolescents: a bioethical approach

  • José Humberto Belmino Chaves,
  • Leo Pessini,
  • Antônio Fernando de Sousa Bezerra,
  • Guilhermina Rego,
  • Rui Nunes

DOI
https://doi.org/10.1590/S1519-38292010000600008
Journal volume & issue
Vol. 10
pp. s311 – s319

Abstract

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OBJETIVOS: descrever características sócio-demográficos, comportamentais, clínicos, analise anatomopatológica, e o tipo de abortamento em adolescentes, de modo a discuti-los bioeticamente. MÉTODOS: aplicou-se questionário estruturado no atendimento a 201 adolescentes com abortamento incompleto submetidas à curetagem uterina, em uma maternidade pública no nordeste do Brasil. RESULTADOS: idade média de 16,1 anos; parceiro estável; mulatas; não usavam preservativos nas relações sexuais; média de idade de início de atividade sexual de 15 anos; não planejaram a gestação; desejavam a gravidez; idade gestacional média de 13,2 semanas. O desfecho da gravidez, quanto ao tipo de abortamento 1,99% abortamento espontâneo e 81,59% certamente provocados, dados obtido através da classificação da Organização Mundial da Saúde. Tecidos embrionários e maternos no anatomopatológico 88,56% e 11,44%, respectivamente. Entre os abortamentos certamente provocados, um caso de mola hidatiforme. CONCLUSÕES: recomenda-se urgência nos programas estratégicos de planejamento familiar; realização do anatomopatológico no material proveniente de aborto; a bioética refletindo pró-ativamente se apresenta como instrumento para diretrizes mínimas de proteção e assistência a adolescente, e auxilio ao profissional de saúde.OBJECTIVES: to describe the socio-demographic, behavioral, clinical and anatomical-pathological characteristics and the type of abortion in adolescents as a way of discussing the subject from a bio-ethical perspective. METHODS: a structured questionnaire was applied to 201 adolescent girls receiving treatment for incomplete abortion and being subjected to uterine curretage, at a public maternity unit in the Northeast region of Brazil. RESULTS: the mean age was 16.1 years; most girls had a stable partner, were of mixed race, and were not accustomed to using condoms during sexual intercourse. The mean age for initiation of sexual activity was 15 years. Most had not planned the pregnancy but wanted to get pregnant. The mean gestational age of the fetus was 13.2 weeks. With regard to the type of abortion, 1.99% were spontaneous and 81.59% were certainly provoked, according to data obtained using the World Health Organization classification. Fetal and maternal tissue were 88.56% and 11.44%, respectively. Of the abortions that were certainly provoked, there was one case of the use of a hydatidiform mole. CONCLUSIONS: it is recommended that strategic family planning programs be urgently introduced and that anatomical-pathological tests be carried out on the material resulting from an abortion. Proactive bioethical reflection seems to be the tool for providing minimal guidelines for the protection and care of adolescents and for assisting health professionals.

Keywords