Em Tese (Feb 2021)
O levante das empenas: lampejos em tempos de pandemia
Abstract
O presente artigo, de teor ensaístico, propõe uma reflexão sobre as projeções que ganharam as fachadas dos prédios ao redor do Brasil e que se firmaram como forma de protesto contra as ações do governo em meio ao confinamento imposto pela pandemia da Covid-19. Em completo desacordo com as estratégias escolhidas pelo governo federal para o enfrentamento da pandemia, esses manifestantes passaram a utilizar da reclusão para, a partir de suas janelas, lançarem nas empenas suas revoltas e criar uma ação em rede, que se prolifera e transforma-se em um ato de resistência diante do poder dominante. Adotando como base o conceito de biopolítica visto em Michel Foucault e dialogando com as investigações do filósofo e historiador da arte Georges Didi-Huberman sobre os levantes e as resistências, procuramos pensar sobre a importância desse movimento de insurreição no contexto da pandemia, e em como sua existência e sua insistência em sobreviver, estão intrinsecamente ligadas às relações de poder.