Revista Brasileira de Cancerologia (Jun 2005)

Tratamento cirúrgico do câncer gástrico em pacientes jovens: experiência de 05 anos no INCA

  • Carlos Bernardo Cola,
  • Eduardo Linhares,
  • Rubens Kesley,
  • Carlos Eduardo Pinto

DOI
https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2005v51n2.1972
Journal volume & issue
Vol. 51, no. 2

Abstract

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Objetivo: Analisar os resultados do tratamento cirúrgico de pacientes com 40 anos ou menos portadores de adenocarcinoma gástrico, dando ênfase aos aspectos cirúrgicos, morbi-mortalidade e principalmente sobrevida. Métodos: Realizamos a análise do banco de dados de pacientes operados pelo Grupo de Cirurgia Gástrica do Serviço de Cirurgia Abdômino-pélvica no Instituto Nacional de Câncer (INCA / Unidade I), no período de 1996 a 2001, perfazendo um total de 39 pacientes com adenocarcinoma gástrico com idade igual ou inferior a 40 anos, correspondendo a 6% do total de pacientes portadores de câncer gástrico operados nesse período (39/579). Resultados: A idade variou de 20 a 40 anos com mediana de 34,6 anos, sendo estudados 21 homens e 18 mulheres. A classificação conforme o estadiamento mostrou maior número de pacientes nos estádios III e IV com 28% e 51% respectivamente. Na avaliação do risco cirúrgico (American Society of Anesthesiologists: ASA) e do índice de performance status (PS) a maior freqüência foi para ASA II com 16 pacientes (41%) e PS 0 com 22 pacientes (56,4%), respectivamente. A localização mais comum foi distal e médio-distal (17 casos- 43,6%). O sintoma mais encontrado foi a dor epigástrica (77%), seguido de emagrecimento (61%). Todos os pacientes foram submetidos a laparotomia. A taxa de ressecabilidade foi de 74,3%, com 21 cirurgias curativas (54 %) e 08 paliativas (20,3%), sendo a gastrectomia subtotal a ressecção mais realizada (18 = 62%). Com relação à linfadenectomia 17 pacientes (43,6%) foram submetidos a D2, 6 (15,4%) a D1 e 1 (2,5%) a D0. A taxa global de complicações foi de 33,3% sendo a maioria (30,7%) complicações infecciosas menores, tratadas com sucesso com antibioticoterapia. O tempo mediano de permanência no hospital foi de 12,2 dias (4-101 dias). A morbidade tendeu a ser maior para a gastrectomia total (15,3%). A sobrevida mediana foi de 15 meses (0-65 meses), com maior sobrevida para os estádios I e II e menor sobrevida para os estádios III e IV. A mortalidade operatória foi de 4% (01 caso - lesão irressecável). A taxa de recidiva foi de 20,5% (8 pacientes), ocorrendo nos estádios III e IV, com sobrevida mediana de 14 meses. Discussão: A sobrevida do paciente jovem com câncer gástrico depende do estádio do tumor ao diagnóstico. A oportunidade de cura reside no tratamento cirúrgico, devendo este ser o mais radical possível, o que geralmente é encorajado pelo bom PS e estado nutricional dos pacientes jovens. A taxa de complicações infecciosas encontrada em nosso trabalho (33,3%), reflete nosso rigor científico, haja visto que são complicações tratadas com antibioticoterapia e não relacionadas à radicalidade cirúrgica.

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