Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA EM TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ALOGÊNICO: INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA MULTIRRESISTÊNCIA EM DIFERENTES FASES: ATE D+30, ENTRE O D+30 E O D+100 E APÓS O D+100

  • Marcia Garnica,
  • Sylvia Dalcolmo,
  • Jamili Zanon Bonicenha,
  • Luana Boff,
  • Bianca de Lucena Gaio,
  • Geraldo Soares de Azevedo Neto,
  • Arthur Tomazelli Batista,
  • Adriana Lucia Pires Ferreira,
  • Renata Cristina Picao

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102214

Abstract

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Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) são frequentes em pacientes submetidos a Transplante de Medula alogênico (Alo TMO), podendo ocorrer em fases precoces e tardias. Fatores como neutropenia, mucosite, uso de cateter venoso, doença enxerto contra hospedeiro, colite por citomegalovírus e o uso de antimicrobianos são frequentes, aumentando o risco de ICS. A multirresistência (MDR) é um fenômeno crescente, e acarreta falha terapêutica e pior prognostico em ICS. Neste estudo, descrevemos a incidência de ICS e ICS por MDR em Alo TMO nas diferentes fases pos TMO e os fatores de risco associados. Um total de 222 pacientes (95 aparentados, 70 haploidenticos e 57 não aparentados) foram acompanhados por uma mediana de 245 dias. A incidência de ICS até o D+30, entre D+30 e o D+100 e após D+100 foi de 31%, 17% e 22% respectivamente. Não houve diferença na incidência de ICS comparando tipos de doador, condicionamento mielo ou não mieloablativo, ou celularidade de produto. Fonte de célula tronco medula óssea se relacionou a ICS até o D+30 (39% vs. 26%, p=0.05) comparado com fonte periférica. Foram diagnosticadas 207 ICS, sendo 62% por Gram negativos (GN), 32% por Gram positivos (GP) e 6% por fungos. Em 16%, a ICS foi polimicrobiana. Nas três fases pos TCTH, houve predomínio de GN em relação a GP. Os GN mais frequentes foram: K pneumoniae (n=47), E coli (n=24), e P. aeruginosa (n=16). Em relação a susceptibilidade, produção de betalactamase de espectro estendido (ESBL) foi identificada em 40% das K. pneumoniae e em 32% das E. coli, e produção de carbapenemase (ERC) em 30% das K. pneumoniae isoladas. As incidências acumuladas de ICS por MDR no D+30, entre D+30 e D+100 e após o D+100 foram: 6%, 9% e 15% por GN produtores de ESBL e 3%, 5% e 7% por GN ERC. Em relação a ICS por GP, ocorreram 8 casos de ICS por S. aureus, sendo 3 (37%) resistentes a meticilina, e 13 ICS por enterococo, com 2 casos de resistência a vancomicina (15% das amostras). As incidências de ICS por MRSA e VRE foram de 1% e 2% na coorte, respectivamente. Em relação aos fatores de risco para ICS por MDR, a colonização previa por GN ERC estava presente em todos os casos que desenvolveram ICS por ERC (p<0,001; VPP 12,6% e VPN 100%). ICS foi frequente nos pós TMO, com predomínio de GN em todas as fases. Há emergência de MDR especialmente entre bacterias GN nas diferentes fases pos TMO. Medidas para identificação precoce são necessárias para conter a disseminação destes padrões de resistência.