Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

REDUÇÃO DA PREVALÊNCIA DE HIV ENTRE DOADORES DE SANGUE NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

  • RE Boehm,
  • CR Cohen,
  • F Bonacina,
  • MB Silva,
  • C Fontana,
  • L Sekine

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S415 – S416

Abstract

Read online

Introdução: O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é uma infecção transmissível pelo sangue cuja triagem laboratorial de alta sensibilidade é obrigatória para doação de sangue, a fim de reduzir o risco transfusional. Porto Alegre, historicamente, é a capital brasileira com a maior frequência de HIV na população geral. Objetivos: Este estudo teve por objetivos verificar o perfil sócio-epidemiológico e possível alteração na taxa de prevalência de HIV entre doadores de sangue no Serviço de Hemoterapia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA) nos últimos anos. Material e métodos: Um estudo transversal retrospectivo foi conduzido através de levantamento de dados no Sistema Realblood e nos registros sorológicos das doações realizadas de janeiro de 2015 a maio de 2021. Foram incluídos todos os casos de HIV positivos e confirmados com NAT (Teste de Ácido Nucleico) ou Imunoblot. Os dados foram compilados e analisados no sistema SPSS v. 18. Resultados: Durante o período analisado, foram realizadas 83.062 doações de sangue, sendo identificados 39 casos de HIV confirmado, o que resulta em uma prevalência de 46,95/100.000 bolsas ou 1/2.129 doações. Indivíduos portadores de HIV nessa amostra eram na maioria do sexo masculino (56,4%), solteiros (69,2%), brancos (61,5%), com baixa escolaridade (53,9%), residentes em Porto Alegre e Região Metropolitana (82,1%), com idade média no diagnóstico de 32,9 (DP ±8,8) anos. O principal tipo de doação envolvida foi de reposição (61,5%), sendo que 79,5% recoletaram amostra. Cerca de 15,4% dos casos possuía algum tipo de co-infeção e 18% se tratava de soroconversão, isto é, doadores que anteriormente apresentavam resultados negativos para HIV. Não houve diferença estatística entre os sexos considerando os fatores idade de diagnóstico, estado civil e tipo de doação. Houve uma queda de 55,4% na prevalência de HIV entre os doadores a partir de 2017 (73,2 versus 32,6/100.000; p = 0,021). Discussão: O perfil sócio-epidemiológico do doador de sangue com HIV positivo se assemelha aos dados de HIV na população geral brasileira quanto ao sexo, idade de diagnóstico e escolaridade, diferindo quanto à etnia. Este dado acompanha às características étnicas da população gaúcha. Apesar da elevada frequência de HIV em Porto Alegre, a taxa de prevalência entre doadores de sangue no HCPA nos últimos três anos foi em média 44,2% inferior à população. Conclusão: A redução da prevalência de HIV entre doadores de sangue, pode ser explicada devido ao perfil de doadores ser formado em sua maioria por indivíduos saudáveis e aos processos de captação e triagem clínica em constante melhoria, que possivelmente influenciam na mitigação deste risco transfusional.