Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

LINFOMA PRIMÁRIO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: UM RELATO DE CASO

  • M Navarrina-Trindade,
  • F Céspedes-Gurki,
  • M Silva-Santos,
  • VJ Balestrin,
  • V Xausa-Bosak,
  • F Fianco-Valenti,
  • G Beust-Amador,
  • D Brum-Lamaison,
  • D Laks

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S88

Abstract

Read online

Os linfomas primários do sistema nervoso central (LPSNC) são malignidades extranodais e agressivas que se desenvolvem em encéfalo, meninges e medula espinhal na ausência de envolvimento sistêmico ao diagnóstico. A incidência de LPSNC nos países ocidentais é de 5/1.000.000 pessoas ao ano e a prevalência é maior em homens, caucasianos e >60 anos. Atualmente, estima-se que o PCNSL seja responsável por até 1% dos linfomas não Hodgkin (LNH) e 3% a 5% dos tumores cerebrais primários. Em imunossupressos, como pacientes HIV +, HTLV +, EBV +, a incidência é 3.600 vezes maior. Quanto à patogênese, SNC não contém linfócitos residentes fisiologicamente que ultrapassem a barreira hemato encefálica. Entretanto, evidências sugerem que células T e B entram no SNC sob condições fisiológicas, sendo que LPSNC pode se originar de células B de tecidos linfóides sistêmicos. A apresentação clínica de LPSNC são frequentemente sintomas focais ou multifocais, aumento da pressão intracraniana e alterações neuropsiquiátricas. TC e RNM mostram lesões homogêneas em lobos frontais, gânglios da base, tálamo e corpo caloso isoladas ou múltiplas. O diagnóstico (Dx) é por meio de biópsia da lesão e imunohistoquímica. O tratamento, devido à natureza infiltrativa da lesão, é quimioterapia e radioterapia adjuvante de encéfalo. Busca realizada em prontuário eletrônico da paciente durante admissão e internação. Paciente feminina, 34 anos, com perda súbita da consciência, desorientação temporoespacial, disartria, parestesia, crises convulsivas complexas. Histórico de cefaléia em região temporal à esquerda progressiva com início há 2 meses. Laboratoriais sem alterações e sorologias negativas. À RNM de crânio, lesão expansiva em lobo frontal esquerdo acometendo as corticais contíguas dos giros frontais superior e médio, hipointensa com realce homogêneo ao meio de contraste, medindo cerca de 3,8 cm no maior eixo. À ressecção completa, anatomopatológico constatou presença de neoplasia pouco diferenciada em parênquima cerebral. À imunohistoquímica, CD20+, PAX-5+, CD10+, BCL6+ e P56+, compatível com LPSNC de grande células B. PET-CT sem alterações sistêmicas. Realizou protocolo R-MAD e transplante autólogo. Segue em acompanhamento. Quão mais precoce é feito o diagnóstico, melhor o prognóstico apesar da agressividade da doença. O transplante de células tronco autólogo adjunto a quimioterapia e radioterapia mostram menor morbimortalidade.