Revista Trágica (Sep 2024)

Literatura e Política em Deleuze

  • Mariana de Toledo Barbosa,
  • Ovídio Abreu,
  • Paulo Domenech Oneto

DOI
https://doi.org/10.59488/tragica.v17i2.64619
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 2
pp. 76 – 95

Abstract

Read online

Ao longo de sua obra – sozinho ou em parceria com Félix Guattari –, Deleuze recorre à literatura para levantar problemas e propor novos conceitos. A proposta deste artigo é explicitar o uso que o filósofo faz da arte literária por meio de uma análise de três casos: Proust, Kafka e Melville. O foco é a importância de cada um destes escritores para a recolocação de seus problemas políticos. Assim, em Proust e os signos, a conexão entre os conceitos de signo e estilo promove uma política da língua que coloca em questão a noção de Todo, fazendo emergir um novo olhar de conjunto, de unidade derivada. Em Kafka: por uma literatura menor, escrevendo com Guattari, a questão é a maneira pela qual Kafka explora o uso que a minoria judaica de Praga faz do alemão padrão para desmontá-lo e, com isso, arrastar as coordenadas do campo social na direção de um “devir-minoritário”. Em seu ensaio sobre Melville (Crítica e clínica), a fórmula “Eu preferiria não” dispara o desenvolvimento de uma tipologia de personagens em que Bartleby e Billy Bud, de um lado, e Ahab e Claggart, de outro, aparecem como antípodas que permitem tensionar o ideal democrático norte-americano e abri-lo para novas conexões (um devir-democrático).