Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Jun 2004)

Mielorradiculopatia esquistossomótica

  • Luciana Cristina dos Santos Silva,
  • Pedro Ernane Maciel,
  • João Gabriel Ramos Ribas,
  • Sílvio Roberto de Sousa Pereira,
  • José Carlos Serufo,
  • Luciene Mota Andrade,
  • Carlos Maurício Antunes,
  • José Roberto Lambertucci

Journal volume & issue
Vol. 37, no. 3
pp. 261 – 272

Abstract

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A mielorradiculopatia esquistossomótica é a forma ectópica mais grave e incapacitante da infecção pelo Schistosoma mansoni. A sua prevalência em área endêmica tem sido subestimada. O diagnóstico baseia-se na presença de sintomas neurológicos decorrentes de lesões da medula espinhal em nível torácico baixo e/ou lombar alto, na demonstração da infecção esquistossomótica por técnicas microscópicas ou sorológicas e na exclusão de outras causas de mielite transversa. O tratamento precoce, com esquistossomicidas e corticoesteróides, mostra-se eficaz na maioria dos casos e os pacientes não tratados não se recuperam ou morrem. Não há consenso sobre doses e duração do tratamento, mas estudo recente sugere que os corticoesteróides devam ser usados por pelo menos seis meses. Como o diagnóstico é presuntivo e o tratamento essencialmente clínico, há que se manter alerta para a presença da doença, aperfeiçoar a propedêutica e, dessa forma, evitar-se a laminectomia rotineira. Com o advento da ressonância magnética da medula espinhal houve grande avanço no diagnóstico da esquistossomose medular. Como conseqüência, o número de casos de mielopatia esquistossomótica relatados tem aumentado rapidamente.

Keywords