Perspectiva Teológica (Jan 2010)
ECOLOGIA NA ÓTICA DO NIILISMO: POR UMA ECOLOGIA ABERTA AO TRANSCENDENTE
Abstract
Aborda-se aqui a questão ecológica numa perspectiva pouco comum: a do niilismo moderno. Este é aqui entendido, em geral, como vida sem sentido e, em particular, como falta de um sentido último e transcendente para a vida. A falta de sentido estaria na raiz da falta de respeito e de amor à natureza. Pois, se a vida humana não tem sentido, como o teria a natureza? A crise ecológica seria, pois, um aspecto de uma crise mais ampla e mais profunda: a crise do sentido. Mas de onde provém a crise de sentido? Provém, no fundo, de uma visão secularista do mundo. Tal visão, radicalmente antropocentrista e prescindindo de Deus, acaba entregando o mundo à vontade de potência do ser humano, inclusive na forma de niilismo ativo ou destrutivo. A “ecologia profunda”, enquanto se quer “biocêntrica” ou “ecocêntrica”, não é uma verdadeira alternativa, por manter-se ainda presa, como o antropocentrismo, a uma perspectiva fundamentalmente imanentista do mundo. A verdadeira saída se dá “por cima”: consiste em reconhecer a “criaturalidade” das coisas, enquanto dependentes do Criador e possuindo, por isso mesmo, um valor próprio, que o ser humano é chamado a respeitar e de que deve dar conta. ABSTRACT: This article treats the question of ecology in a not so common perspective: that of modern nihilism. This perspective is understood, in general, as life without meaning, and in particular, as a lack of an ultimate and transcendent meaning for life. The lack of meaning would be the root of the lack of respect and love for nature. Therefore, if human life does not have meaning, how would nature have meaning? The ecological crisis would be, therefore, an aspect of a larger and deeper crisis: the crisis of meaning. But where does the crisis of meaning come from? It comes from, in depth, a secularist vision of the world. Such a vision, radically anthropocentrist and dispensing with God, ends up delivering the world to the potent will of the human being, including the form of active or destructive nihilism. The “indepth ecology”, in terms of "biocentric” or “ecocentric”, is not a true alternative, for remaining still imprisoned, like anthropocentrism, to a basically imanentist perspective of the world. The true exit is found “up above”: it consists of recognizing the “creatureness” of things, while being dependent on the Creator and possessing, therefore, its own value, that the human being is called to respect and that it must give account.
Keywords