Acervo (Dec 2022)
Entrevista com Cecília Helena de Salles Oliveira, Isabel Lustosa, Luiz Carlos Villalta e Andrea Slemian
Abstract
Os aniversários dos acontecimentos históricos permitem muitas vezes trazer de volta à memória experiências vividas, pois, como afirmou Roger Chartier, a história pode tornar “inteligíveis as heranças acumuladas e as descontinuidades fundadoras que nos fizeram o que somos” (Chartier, 2011, p. 257). Um desses aniversários foi o bicentenário da Independência do Brasil, cujas comemorações foram celebradas ao longo deste ano. Foi uma oportunidade, de um lado, para celebrar a memória nacional; de outro, ocasião para promover uma reflexão sobre a história da construção do Império Brasílico – iniciada, segundo a tradição, às margens do Ipiranga – e seus desdobramentos. Além de comemorar o episódio com novos títulos para a história da Independência, entrevistas, seminários, lives, filmes, a publicação de um Dicionário da Independência do Brasil e, até mesmo, a súbita vinda de Portugal do coração do primeiro imperador d. Pedro, cabe perguntar, ao final desse processo, o que de novo pode ser incorporado aos estudos da(s) Independência(s). Nessas publicações e comemorações, o que se ganhou ou aprofundou em relação ao conhecimento sobre os processos que levaram à separação do Brasil de Portugal? O que se acrescentou para melhorar o entendimento de nossas raízes, a análise de situações complexas e contraditórias de tempos diversos e múltiplos, e a busca de algumas chaves de interpretação do país que ainda hoje se move em meio a tempos de crises e movimentações políticas? Será que as comemorações atuais dos 200 anos de Independência podem se associar às experiências acumuladas ao longo desse período, em que outras vivências e processos também foram idealizados para marcar seu centenário ou seu sesquicentenário? Para refletir sobre esse assunto, foram convidados quatro historiadores da Independência, a fim de fazerem um balanço ou um comentário sobre o que representou comemorar os 200 anos de Brasil. Foram eles: Cecília Helena de Salles Oliveira (Museu Paulista/Universidade de São Paulo – USP), Isabel Lustosa (Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa), Luiz Carlos Villalta (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG) e Andrea Slemian (Universidade Federal de São Paulo – Unifesp).