Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
DIFICULDADES NA DETECÇÃO DE ANTICORPOS CONTRA ANTÍGENOS COMPOSTOS NA ROTINA PRÉ-TRANSFUSIONAL
Abstract
Introdução: Os testes pré-transfusionais de acordo com legislação vigente representam um papel importantíssimo na segurança transfusional, no entanto, a eficácia desses testes depende da qualificação dos profissionais que os executam, bem como da qualidade dos reagentes utilizados. A membrana eritrocitária é composta de pelo menos 378 antígenos eritrocitários. Os reagentes comerciais utilizados para PAI devem contemplar os antígenos mais imunogênicos e que podem induzir a formação de aloanticorpos clinicamente significantes. O sistema RH é um sistema altamente polimórfico, contendo 56 antígenos, incluindo antígenos compostos e o antígeno f (RH6) é um exemplo, expresso quando hemácias possuem c (RH4) e e (RH5) no mesmo haplotipo (cis). O objetivo deste trabalho consiste em um alerta para a fabricação das hemácias de triagem, descrevendo o relato de um caso em que a PAI apresentou resultado negativo devido a configuração antigênica do kit comercial e PC maior apresentou resultado incompatível (grau de aglutinação: 4+), devido à presença de anticorpos anti-f. Material e métodos: A PAI foi realizada utilizando a metodologia de aglutinação em coluna automatizada (Gel teste, Erytra/Eflexis®, Grifols), reagentes de hemácias e cartões DG LISS/Coombs. Para a identificação de anticorpos irregulares, foram utilizados o Identisera Diana/Extend e Diana P/EXtend P. A prova de compatibilidade maior foi executada utilizando a mesma metodologia (gel teste-LISS/Coombs). Resultados e conclusão: Paciente E.R.A., PAI realizada na agência transfusional utilizando hemácias Serascan fenótipos R1R1, R2R2e R1R2Di(a+) demonstrou resultado negativo. Ao realizar provas de compatibilidade com duas unidades de glóbulos os resultados demonstraram incompatibilidade com as duas bolsas. Testes adicionais foram realizados incluindo hemácias com e sem tratamento enzimático. Os resultados demonstraram positividade em LISS/Coombs somente com a célula rr. Os anticorpos foram potencializados com a utilização de hemácias tratadas com enzima papaína. Fenótipo do paciente D+C-E+c+e- (R2R2). A Identificação dos anticorpos irrregulares demonstrou a presença de anticorpos com especificidade anti-f em LISS/Coombs e em enzima além do anti-f, foram detectados aloanticorpos adicionais com especificidade anti-e. Os anticorpos anti-f, pertencem ao Sistema RH e podem estar envolvidos em reações transfusionais. Esses anticorpos podem ser comumente encontrados, no entanto, os diagramas das hemácias comerciais podem não contemplar essa descrição do antígeno f, dificultando a identificação do anticorpo, embora possam inferir a fenotipagem de acordo com a presença dos antígenos c(RH4) e e(RH5) no mesmo haplotipo (cis). Dessa forma concluímos que analisar o fenótipo das hemácias comerciais utilizadas na rotina de PAI é de extrema importância e ressalta a necessidade em incluir na fabricação dos kits de triagem de anticorpos irregulares, hemácias fenótipo f+; a fim de evitar falsos resultados negativos de PAI e possíveis reações transfusionais.