Anais da Academia Brasileira de Ciências (Dec 2001)
The pathogenesis of Chagas' disease: when autoimmune and parasite-specific immune responses meet
Abstract
Chagas' disease is a major health problem in Latin America, where it constitutes one of the leading causes of heart failure. About one fourth of Trypanosoma cruzi-infected individuals develop chronic chagasic cardiomyopathy (CChC), the most severe form of the disease. CChC is histologically characterized by the presence of multifocal inflammatory infiltrates in the heart, composed mainly by mononuclear cells, usually adhered to myocytes and leading to myocytolysis, and frequently by interstitial fibrosis. The pathogenesis of CChC is still unclear, despite intense investigations both in human beings and in animal models of the disease. Although tissue parasitism is rare in the chronic phase of infection, an immune response targeted to persistent parasites or parasite antigens is suggested, by some authors, as the pathogenic mechanism of CChC. Other researchers affirm that the lack of correlation between tissue parasitism and intensity of inflammation suggests, along with the presence of autoreactive immune responses, that CChC results from the action of an autoimmune response. Herein we review reports from the literature and our own data, which together indicate, on one hand, the participation of parasite-specific immune responses and, on the other hand, clearly demonstrate the participation of heart-specific immune responses in the pathogenesis of CChC. Moreover, multiple factors may determine whether an individual in the indeterminate form of the disease will develop CChC. The mechanisms by which T. cruzi breaks immunological tolerance to heart antigens are also discussed.A doença de Chagas constitui um grave problema de saúde pública na América Latina, onde é uma das principais causas de problemas cardíacos. A cardiopatia chagásica crônica (CChC), forma mais grave da doença, manifesta-se em cerca de 25% dos indivíduos infectados pelo Trypanosoma cruzi, e é caracterizada, a nível histopatológico, pela presença de infiltrados multifocais de células mononucleares, freqüentemente aderidas a miócitos e induzindo miocitólise, sendo também bastante comum o achado de fibrose intersticial. Embora a doença tenha sido intensamente estudada, tanto em seres humanos como em modelos animais, o mecanismo de patogênese da CChC ainda é discutido. Apesar da escassez de parasitas na fase crônica da doença, uma possível resposta imune contra os parasitas persistentes seria, para alguns, o mecanismo de patogênese da CChC. Por outro lado, a falta de correlação entre o parasitismo tecidual e intensidade de inflamação sugere, juntamente com a presença de respostas autoreativas, que a CChC resulte da ação de um mecanismo autoimune. Neste artigo, revisamos dados da literatura e dados obtidos em nossos laboratórios, que sugerem a participação de mecanismos efetores ativados em resposta a antígenos parasitários e demonstram um papel de respostas autoreativas contra antígenos cardíacos na patogênese da CChC. Múltiplos fatores devem contribuir para a progressão da forma indeterminada para a CChC. Os possíveis mecanismos ativados pela infecção por T. cruzi que levam à quebra de tolerância imunológica a antígenos cardíacos são discutidos.
Keywords