Arquivos de Gastroenterologia (Mar 2005)

Benign obstruction of the common hepatic duct (Mirizzi syndrome): diagnosis and operative management Obstrução benigna do ducto hepático comum (síndrome de Mirizzi): diagnóstico e tratamento operatório

  • Jaques Waisberg,
  • Adriano Corona,
  • Isaac Walker de Abreu,
  • José Francisco de Matos Farah,
  • Renato Arioni Lupinacci,
  • Fábio Schmidt Goffi

DOI
https://doi.org/10.1590/S0004-28032005000100005
Journal volume & issue
Vol. 42, no. 1
pp. 13 – 18

Abstract

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BACKGROUND: Mirizzi syndrome is a rare complication of prolonged cholelithiasis, characterized by narrowing of the common hepatic duct due to mechanical compression and/or inflammation due to biliary calculus impacted in the infundibula of the gallbladder or in the cystic duct. OBJECTIVES: To describe a series of eight consecutive patients with Mirizzi syndrome, at a single institution, submitted to surgical treatment and to comment on their aspects with emphasis on the diagnosis and treatment. METHODS: Four women and four men, with a mean age of 61.6 years (42 to 82 years), presenting Mirizzi syndrome were operated between 1997 and 2003. The following items were evaluated: clinical presentation, laboratory results, preoperative evaluation, operative findings, presence of choledocholithiasis, type of Mirizzi syndrome according to the classification by Csendes, choice of operative procedures, and complications. RESULTS: The most frequent symptoms were abdominal pain (87.5%) and jaundice (87.5%). All the patients presented altered hepatic function tests. The diagnosis of Mirizzi syndrome was intra-operative in seven (87.5%) patients, and preoperative in one (12.5%). Cholecystocholedochal fistula associated with choledocholithiasis was observed in three (37.5%) cases. Mirizzi syndrome was classified as Csendes type I in five (62.5%) patients, type II in one (12.5%), type III in one (12,5%) and type IV in another (12.5%). Cholecystectomy, as an isolated surgical procedure, was performed in four (50.0%) patients. One (12.5%) patient was submitted to partial cholecystectomy and closure of the fistulous orifice with the central part of the infundibula. Two (25.0%) patients were submitted to cholecystectomy and side-to-side choledochoduodenostomy and another (12.5%) to side-to-side choledochoduodenostomy remaining the gallbladder in situ. Seven (87.5%) patients had an uneventful recovery and were discharged in good conditions. One (12.5%) patient presented a postoperative sepsis due to a sub-hepatic abscess, and was reoperated. There was no operative mortality. CONCLUSION: The preoperative diagnosis of Mirizzi syndrome is difficult and an awarded suspicion is necessary to avoid lesions of the biliary tree. The problem may only become evident during the operation due to firm adherences around Calot's triangle. The success of the treatment is related to a precocious recognition of the condition, even at the time of surgery, and adapting the management considering to the individual characteristics of each case.RACIONAL: A síndrome de Mirizzi, é complicação rara da colelitíase de longa duração, caracterizada pelo estreitamento do ducto hepático comum devido a mecanismo de compressão e/ou inflamação por cálculos biliares impactados no infundíbulo da vesícula biliar ou no ducto cístico. OBJETIVO: Descrever série de oito enfermos consecutivos com síndrome de Mirizzi de uma única instituição, submetidos ao tratamento cirúrgico e comentar seus aspectos com ênfase no diagnóstico e tratamento. MÉTODO: Quatro mulheres e quatro homens, com média de idade de 61,6 anos (42 a 82 anos), foram operados com síndrome de Mirizzi entre 1997 e 2003. Avaliaram-se a apresentação clínica, os resultados dos exames laboratoriais e de imagem, os achados operatórios, a presença de coledocolitíase, o tipo de síndrome de Mirizzi de acordo com a classificação de Csendes, a escolha do procedimento operatório e as complicações pós-operatórias. RESULTADOS: Os sintomas mais freqüentes foram dor abdominal (87,5%) e icterícia (87,5%). Todos os doentes apresentaram exames de função hepática alterados. O diagnóstico da síndrome de Mirizzi foi intra-operatório em sete (87,5%) doentes, e pré-operatório em um (12,5%). Observou-se fístula colecistocoledociana associada à coledocolitíase em três (37,5%) casos. A síndrome de Mirizzi foi classificada como tipo I em cinco (71,4%) doentes, tipo II em um (14,3%), tipo III em um (12,5%), e tipo IV em outro (12,5%). A colecistectomia, como procedimento cirúrgico isolado, foi realizada em quatro (50,0%) doentes. Um (12,5%) enfermo foi submetido a colecistectomia parcial e fechamento do orifício fistuloso com a região central do infundíbulo. Dois (25,0%) enfermos foram submetidos a colecistectomia e anastomose coledocoduodenal látero-lateral e outro (12,5%) a anastomose coledocoduodenal látero-lateral, deixando-se a vesícula biliar in situ. Sete (87,5%) doentes evoluíram sem complicações pós-operatórias e obtiveram alta hospitalar em boas condições. Um (12,5%) enfermo apresentou, no pós-operatório, sepse por abscesso sub-hepático, sendo re-operado. Não houve mortalidade operatória. CONCLUSÕES: O diagnóstico pré-operatório da síndrome de Mirizzi é difícil e é necessário elevado índice de suspeita para evitar lesões da árvore biliar. O problema pode se tornar evidente apenas no momento da operação na forma de aderências firmes ao redor do triângulo de Calot. O sucesso do tratamento está relacionado ao reconhecimento precoce da condição, mesmo no intra-operatório, e na individualização da conduta, de acordo com as características de cada caso.

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