Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

MUCORMICOSE RINOCEREBRAL ASSOCIADA À ASPERGILOSE ANGIOINVASIVA: RELATO DE CASO

  • Juliana Carvalho Farias,
  • Fernando Silva da Silveira,
  • Eveline Fernandes Nascimento Vale,
  • Victor Mourão Vilela Barbosa,
  • Marcos Felipe de Carvalho Leite

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103305

Abstract

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Introdução: A mucormicose é uma infecção fúngica oportunista, altamente invasiva, causada por fungos da ordem murcorales, mais incidentes em pacientes com diabetes. A forma rinocerebral é a mais frequente e manifesta-se por edema periorbital, cefaleia e necrose tecidual com evolução rapidamente progressiva para sistema nervoso central. Relato de Caso: Paciente de 19 anos, sexo feminino, com antecedente de diabetes mellitus tipo I, sem adesão ao tratamento e com histórico de internações frequentes por Cetoacidose Diabética (CAD). Apresentava otalgia à direita, cefaleia e parestesia em face iniciada anteriormente à exodontia e à drenagem de abscesso dentário realizadas há 1 ano. Iniciou quadro de taquicardia e sudorese há 2 dias da internação em hospital secundário do Distrito Federal associado a episódio de CAD, evoluindo com edema de hemiface direita. A tomografia de face mostrou celulite periorbitária, pansinusite e ausência de coleções. Após 12 dias da internação, foi visto tumefação em palato duro à direita, pontos de necrose e exposição óssea. Realizada exodontia e drenagem de palato com tratamento empírico para infecção de etiologia bacteriana, sem resposta terapêutica. Evoluiu com piora clínica sendo submetida à intubação orotraqueal e iniciada anfotericina B por suspeita de mucormicose. Foi encaminhada para o Hospital de Base do Distrito Federal onde foi internada em unidade de unidade intensiva com posterior extubação e ressecção de lesão irregular em região de arco zigomático e maxilectomia à direita. O histopatológico evidenciou fungos em forma de hifas largas, onduladas, pauciseptadas sugestivos de mucormicose e presença de angioinvasão. Na cultura de fragmento de tecido, cresceu Aspergillus spp. e na de fragmento ósseo, A. baumannii. Diante disso, a paciente manteve estabilidade clínica com uso de anfotericina B lipossomal, voriconazol e antibioticoterapia guiada para A. baumanni. Segue internada em enfermaria de Infectologia. Comentários: A mucormicose associada à aspergilose revela um caráter atípico, visto que o diagnóstico histológico se baseia no achado de hifas não septadas ou poucos septadas ao contrário do Aspergillus. Ademais, o quadro agudo e deformante característico da murcomicose foi associado à manifestação indolente da aspergilose descrita nos antecedentes, corroborado pelo seu crescimento em cultura. Dessa forma, deve-se considerar infecções fúngicas concomitantes com miscelânia clínica em pacientes diabéticos.

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