Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

INSIGHTS SOBRE TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) E SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLÍPIDE (SAF) POR 1H-NMR

  • LG Martins,
  • BM Manzini,
  • SA Montalvão,
  • MA Honorato,
  • SC Huber,
  • F Orsi,
  • ES Braga,
  • N Avramovic,
  • L Tasic,
  • JM Annichino-Bizzacchi

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S496

Abstract

Read online

Introdução: A SAF é uma doença sistêmica imunomediada caracterizada por trombose arterial ou venosa recorrente ou morbidades obstétricas acompanhadas por anticorpos antifosfolipídeos. A metabolômica permite a compreensão da função dos metabólitos no organismo, fornecendo informações sobre as vias biológicas que são comprometidas pela doença ou levam a alterações relacionadas a ela. Objetivo: Diagnosticar o TEV por meio da metabolômica em pacientes trombóticos sem SAF e com SAF primária Trombótica (SAF-T), comparando com o Controle Saudável (CS). Material e métodos: Pacientes com trombose arterial ou venosa atendidos no ambulatório do Hemocentro da Unicamp entre 2009 e 2020. Os critérios de exclusão foram: SAF secundária, infecção, doença reumatológica, renal, hepática e uso de corticosteroides. Foram selecionados 3 grupos de pacientes: evento venoso ou arterial sem SAF (TEV) (n = 32), SAF-T (n = 32) e CS (n = 32). O diagnóstico de SAF-T foi confirmado com perfil antifosfolípide, seguindo os guidelines do ISTH e SCLI. Os pacientes selecionados foram pareados por idade e sexo com os grupos TEV e controle. No momento da inclusão, foram obtidas informações clínicas e amostras de soro, os quais foram posteriormente analisadas por Ressonância Magnética Nuclear (1H-NMR). Resultados e discussão: Nos grupos VTE e CS, a maior parte foi composta por mulheres, enquanto na SAF-T por homens. Os pacientes com eventos arteriais representaram 12,5% no SAF-T e 3,1% no TEV. Os eventos trombóticos foram considerados como provocados em 25% SAF-T e 64,5% TEV. Os fatores de risco transitório menor foram observados em 71,4% SAF-T e 65% TEV. Fatores de risco transitório maior foram observados em 14,3% SAF-T e 25% TEV. Fatores de risco persistente foram observados em 14,3% SAF-T e 10% TEV. A localização dos eventos trombóticos foi: membros inferiores proximais 43,8% SAF-T e 59,4% TEV, e TEP 21,9% SAF-T e 43,8% TEV. Nos pacientes do SAF-T 87,5% e 6,3% do TEV estavam sob anticoagulação perene, e aqueles com trombose arterial prévia utilizavam ainda a aspirina como tratamento. Na metabolômica, o grupo TEV apresentou concentrações reduzidas de creatinina, glicose, lisina e glutamina, e concentrações aumentadas de valina, treonina, histidina e tirosina quando comparado ao CS. O grupo SAF-T apresentou concentrações reduzidas de lipídios, valina, lisina e glutamina e concentrações aumentadas de isoleucina e treonina (p < 0,002) em relação ao CS. Comparando os grupos TEV e SAF-T, não houve diferença estatisticamente significativa. Ao avaliar o subgrupo de pacientes triplo-positivos (n = 9) de SAF-T e pareá-lo com o grupo de TEV foi possível verificar maiores quantidades de glicose, lisina, glutamato, tirosina, 3-hidroxi-butirato e metileno de lipídios neste subgrupo, enquanto o grupo de pacientes com TEV apresentou maiores quantidades de glicerol, lipídios, valina, isoleucina, fenilalanina e colina. Conclusão: As mudanças nos metabólitos indicaram alterações importantes nas vias metabólicas da glicólise, ciclo TCA, metabolismo de lipídios e metabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), envolvendo mecanismos complexos de patogênese da SAF-T e TEV. Estes metabólitos podem ser potenciais biomarcadores para diferenciar pacientes com SAF-T e TEV, incluindo o parâmetro do perfil antifosfolípide para pacientes com SAF.