Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-019 - A AIDS É UMA DESCONHECIDA DOS JOVENS ACADÊMICOS DE MEDICINA. E COMO PODEMOS ENSINÁ-LOS SOBRE A DOENÇA? CULTURA, DIÁLOGO E AÇÃO SÃO A RESPOSTA.
Abstract
Introdução: No distante século passado, mais precisamente nos anos 80, o mundo descobria o HIV e a Aids. O que foi um flagelo moral e médico transformou-se rapidamente em uma doença corriqueira, até, banal. Fato é que os jovens, ainda que acadêmicos de medicina, desconhecem grandemente a sua história e os riscos inerentes à doença. A questão que fica é, como reverter esse cenário e maximizar o conhecimento? Objetivo: Descrever uma experiência exitosa do uso de artes, diálogo e ação comunitária com acadêmicos de medicina evidenciando a sua mudança de percepção acerca do HIV-Aids. Método: Realização de três sessões de cine-debate com alunos de medicina apresentando filmes que abordam a descoberta do HIV, o preconceito e o início da terapia seguida de debates com um médico que vivenciou essa realidade, um médico que participou da resposta global à luta contra o HIV e um paciente vivendo com o HIV desde a era anterior aos Inibidores de Protease. Após essa etapa foi realizada uma campanha de testagem e prevenção em parceria com uma ONG tradicional com militantes experientes, incluindo pessoas vivendo com HIV.Avaliamos o impacto das ações entre os alunos por meio de um formulário. Resultados: A idade média dos alunos foi de 23 anos sendo 77% deles mulheres. O conhecimento sobre a descoberta do HIV e o início da epidemia antes da atividade era ruim para 59% e foi bom para 42% e ótimo para 58% após a atividade. Após a ação 77% dos alunos estavam extremamente motivados para atender pessoas vivendo com HIV/Aids. Para 83% o conceito acerca de pessoas vivendo com HIV/Aids melhorou após a atividade. A atividade cultural cine-debate foi a mais impactante para 59% dos alunos, enquanto a ação de campo foi mais representativa para 24%. Conclusão: Aos especialistas e pessoas dedicadas às questões do HIV parece um tanto óbvio que o tema seja relevante. Porém, basta um certo distanciamento para se observar que temos problemas, a começar pelo esquecimento ou, ainda pior, desconhecimento da história do HIV, e de toda a luta para se conquistar as vitórias de hoje, por parte dos mais jovens, incluindo futuros médicos. É de certa forma preocupante que até o conceito das pessoas vivendo com HIV tenha “melhorado” após a atividade descrita. Em outras palavras, o preconceito ainda parece de certa forma latente. O uso de uma ferramenta simples, acessível e lúdica como sessões de cine-debate bem conduzidas provou-se efetiva para a finalidade proposta e deve ser incorporada na rotina pedagógica da formação médica no capítulo HIV-Aids.