Brazilian Journal of Transplantation (Feb 2022)
Alterações Bucais em Indivíduos no Pré e Pós-Transplante de Coração
Abstract
A insuficiência cardíaca em estágios avançados e sem sucesso de tratamentos alternativos podem levar o paciente ao transplante cardíaco. Pacientes em pré-transplante de coração que apresentam alterações periodontais podem evoluir para um quadro infeccioso e comprometer o sucesso do transplante. Os pacientes transplantados apresentam alterações intraorais associadas à terapia imunossupressora, como a hiperplasia gengival e as infecções oportunistas que merecem atenção, pois resultam em baixa qualidade de vida e pior prognóstico. Este trabalho buscou na literatura as alterações bucais frequentemente encontradas em pacientes com insuficiência cardíaca em programa de transplante e transplantados cardíacos, evidenciando a importância do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar e o acompanhamento em longo prazo do paciente transplantado. Nessa revisão, foram contemplados estudos de coorte, estudos transversais, caso controle e casos clínicos incluídos nas bases PubMed, Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) dos últimos 11 anos (de 2009 a 2020) e nos idiomas inglês, português e espanhol. O resultado da busca disponibilizou 577 artigos, que foram triados e selecionados, de forma que contemplassem todas as informações necessárias para a análise estatística. Entre os dados mais relevantes quanto condição oral dos pacientes pré-transplante cardíaco, foi observado que 74,21% dos indivíduos apresentam hipertensão arterial sistêmica como comorbidade principal e 42,69% fazem uso de imunossupressores. Quanto ao diagnóstico bucal, há alta necessidade de tratamento periodontal em 75,57% dos pacientes. No perfil dos pacientes transplantados, há maior prevalência de diabetes mellitus (48,26%), e todos os pacientes seguem terapia medicamentosa, com associação de mais de um fármaco. Desses indivíduos, 90% precisam de tratamento periodontal e 17,34% apresentaram hiperplasia gengival. Os dados obtidos permitiram concluir que tanto os pacientes em programa de transplantes de coração quanto os transplantados precisam de atenção especial no que se refere aos cuidados bucais, por estarem susceptíveis às infecções oportunistas e apresentarem necessidades de cuidados periodontais, o que sugere que a adequação bucal prévia aos transplantes é relevante, assim como o controle dos efeitos secundários da terapia imunossupressora.