Cadernos de Saúde Pública (Jul 1998)

Algumas considerações metodológicas sobre os estudos epidemiológicos das Lesões por Esforços Repetitivos (LER) Methodological issues in epidemiological studies of Repetitive Strain Injuries (RSI)

  • Serafim Barbosa Santos Filho,
  • Sandhi Maria Barreto

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-311X1998000300012
Journal volume & issue
Vol. 14, no. 3
pp. 555 – 563

Abstract

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As lesões por esforços repetitivos (LER) constituem-se um problema de saúde pública, com repercussões sociais e econômicas. Este artigo apresenta uma revisão crítica dos estudos epidemiológicos das últimas duas décadas. A grande maioria desses estudos foi de corte transversal e exploratório, e os resultados são difíceis de interpretar devido aos problemas metodológicos. Entre os principais problemas notados estão: falta de padronização e rigor na definição e identificação de casos, não diferenciação dos "casos" segundo a especificidade e gravidade clínica, inclusão de "casos" prevalentes e incidentes no mesmo estudo, imprecisão e precariedade na definição e mensuração dos fatores de exposição e de confusão relevantes, além das limitações intrínsecas dos estudos de prevalência para inferir causalidade. Essas limitações resultam em parte da insuficiência de conhecimento científico das lesões de tecidos moles de membros superiores e da falta de métodos diagnósticos confiáveis. Entretanto, tais dificuldades podem ser minimizadas com desenhos mais apropriados e que levem em consideração e estratifiquem casos segundo a especificidade do quadro clínico e grau de certeza do diagnóstico.Repetitive strain injuries (RSI) are a major public health problem with social and economic repercussions. This article presents a critical review of the published literature on RSI. The vast majority of the studies conducted in the last two decades were cross-sectional and exploratory. Results are difficult to interpret due to such methodological problems as lack of standardization and accuracy in identification of cases, inclusion of cases with potentially different diseases, varying levels of severity in the same study, lack of distinction between prevalent and incident cases, lack of precision in the definition and measurement of exposure, and confounding, besides the built-in constraint of cross-sectional studies for inferring causality. Some of these problems result from our insufficient knowledge of upper-limb soft tissue disorders and the absence of reliable diagnostic tests. Such problems could be addressed by studies whose design considered and stratified cases according to certainty and specificity of diagnosis.

Keywords