Veredas (Jul 2024)

A sintaxe vegetal na topografia das meninas de Agustina Bessa-Luís: o estar como o ir sendo?

  • Cláudia Capela Ferreira

DOI
https://doi.org/10.24261/2183-816x0841
Journal volume & issue
Vol. 41

Abstract

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Este ensaio analisa a topografia de Ema de Vale Abraão, a rapariga do incisivo quebrado de “Um inverno frio” e Alfreda de A alma dos ricos, lendo tais personagens como excrescências similares ao tecido vegetal que as enquadra. A sua excentricidade e excesso fazem-nas marginais aos cenários interiores em que se movem, alcançando no exterior o cerne da sua realização. Reflete-se ainda sobre a construção narrativa dos espaços referentes a essa amostra de personagens em função daquilo que entendemos tratar-se de um princípio de mutabilidade das coordenadas espaciais, uma forma de deslocamento do espaço fixo. Esta impressão de movimento pode ser textualmente produzida pela prefiguração de horizontalidade e verticalidade dos espaços, tal como pela instauração de uma cadência mediada pela expansão e pausa na relação da personagem com o espaço, com fins mutáveis evolutivos. Para o demonstrar, recorre--se ao uso de instrumentos de leitura comparatista e topoanalítica, tomando-se de empréstimo e em cruzamento os conceitos de espaço e lugar de Yi-Fu Tuan (1983) e Marc Augé (2020), a noção de ambientede Ozíris Borges Filho (2020) e setting de Marie-Laure Ryan (2016), bem como la phénoménologie du rondde Gaston Bachelard (1994).

Keywords