Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
Descrição das fontes financiadoras de gpc com distintas qualidades metodológicas.
Abstract
Introdução: Os guias de prática clínica (GPC) de boa qualidade, fundamentados nas melhores evidências clínicas disponíveis, são essenciais para auxiliar os profissionais de saúde na tomada de decisão clínica para o tratamento das doenças. Objetivo Descrever a qualidade metodológica dos GPC e seus financiamentos. Método Procedeu-se busca sistemática no Medline, Embase e Cochrane e em 12 bases específicas de GPC para obtenção de documentos com recomendações para o tratamento farmacológico de Doenças Crônicas Não Transmissíveis em adultos em atenção primária, publicados em inglês, português, espanhol; e disponíveis em versões atualizadas. Excluíram-se os publicados antes de 2011 e que possuíam recomendações para populações específicas. Para a avaliação da qualidade metodológica dos GPC, empregou-se o instrumento Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation II (AGREE II). Todas as etapas foram realizadas de forma independente por, no mínimo, dois avaliadores, sendo as discrepâncias em qualquer estágio resolvidas por meio de consenso entre estes. Classificaram-se GPC de qualidade alta aqueles que obtiveram nota maior a 60% no domínio 3 do AGREE II, que avalia o rigor do desenvolvimento; de qualidade moderada os que obtiveram notas maiores ou iguais a 30% e menores ou iguais a 60%; e de qualidade baixa, os com notas menores a 30%. Resultados Avaliaram-se 178 GPC: 39% apresentaram moderada qualidade, 31% alta qualidade; 30% baixa qualidade. Obtiveram financiamentos, 89% (49/55) dos GPC de alta qualidade, 53% de moderada qualidade (37/70) e apenas 32% (17/53) de baixa qualidade. A ausência da informação se houve financiamento ocorreu em 58% (31/53) dos GPC de baixa qualidade, 37%(26/70) nos de qualidade moderada e 5% (3/55) nos de alta qualidade. Em relação aos GPC de alta qualidade que receberam financiamento, pode-se constatar que 24% (12/49) receberam financiamento do governo, 20% (10/49) de sociedades profissionais e 6% (3/49) da indústria. Verificou-se, analisando os GPC de moderada qualidade, nos quais havia declaração de financiamento, que 27% (10/37) foram financiados por sociedades profissionais, 19% (7/37) pelo governo, 16%(6/37) por Universidades e 8% (3/37) pela indústria 8% (3/37). Adicionalmente, dos GPC de baixa qualidade que possuíam informação sobre o órgão financiador, 53% (9/17) foram financiado por sociedades profissionais, 18% (3/17) pela indústria e 12% (2/17) pelo governo. Conclusão A maioria dos GPC de alta qualidade foi financiado, sendo as principais fontes os órgãos governamentais e as sociedades profissionais. Todos os GPC financiados pelas Universidades apresentaram qualidade moderada. Para a maioria dos considerados de baixa não foi informado se ocorreu financiamento, sabendo-se que, a partir dos dados obtidos por aqueles que declararam financiamento, as sociedades profissionais foram o principal financiador.