Brazilian Journal of Infectious Diseases (Nov 2024)

LINFOMA DE BURKITT DE VESÍCULA BILIAR EM UMA CRIANÇA VIVENDO COM HIV: RELATO DE CASO

  • Nathalia Lopez Duarte,
  • Cristiane Bedran Milito,
  • Ana Paula Silva Bueno,
  • Bárbara Sarni Sanches,
  • Gabriella Alves Ramos,
  • Layanara Albino Batista,
  • Marcelo Gerardin Poirot Land,
  • Thalita Fernandes de Abreu

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104415

Abstract

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Introdução/objetivos: Linfomas de vesícula biliar são particularmente incomuns. Apenas três relatos documentaram linfomas de Burkitt (LB) de vesícula biliar. Este é um relato de caso de LB de vesícula biliar em uma criança vivendo com HIV, o primeiro na literatura na população pediátrica e em indivíduos que vivem com HIV. Materiais e métodos: Relato de caso de criança do sexo feminino, cinco anos de idade, com LB de vesícula biliar. Paciente acompanhada em dois importantes hospitais federais do Rio de Janeiro, Brasil. Análise morfológica e estudo imunohistoquímico da biópsia realizados conforme a OMS, 2022. Resultados: Paciente previamente hígida e sem história familiar para neoplasias. Nasceu em 03/09/94, parto normal, pré-natal completo. Aleitamento materno exclusivo até os dois anos de idade. Em 16/06/99, iniciou quadro de vômitos, dor abdominal, diarreia, icterícia e prurido, além de sintomas B. Internada no 1° Hospital em 20/06/99, diagnosticada com suboclusão intestinal por Ascaris lumbricoides, e desenvolveu colangite grave dias depois apesar do tratamento com albendazol 400 mg, dose única. Submetida à colecistectomia de emergência em 15/07/99. Exame histopatológico pós-operatório da vesícula em 16/07/99 revelou LB, neoplasia definidora de AIDS. Em 28/07/99, realizada sorologia para HIV (ELISA), positiva, e infecção caracterizada como transmissão vertical. Paciente transferida para o 2° Hospital em 31/07/99 para tratamento oncológico (estágio IVB). Por protocolos do período, não fez uso de profilaxias ou terapia antirretroviral (TARV). Em 23/09/00 encontrava-se em remissão clínica ao término da quimioterapia com m-BACOD e, em 04/10/00, apresentou recidiva em sistema nervoso central. Evoluiu com piora clínica progressiva, falecendo por sepse e progressão da doença em 24/12/00. O bloco de parafina foi reavaliado por hematopatologista em 19/08/22, e o diagnóstico confirmado por análise microscópica e estudo imunohistoquímico conforme a OMS, 2022 (positividade para CD20, CD10, Ki67 99%; EBV + via sonda EBER1). Conclusões: O LB pode ocorrer na vesícula biliar tanto no contexto da infecção pelo HIV como na população pediátrica. O diagnóstico final é obtido através da análise histopatológica da biópsia. Além disso, a TARV deve ser iniciada de forma precoce por estar relacionada à recuperação da contagem de células T CD4+ e, consequentemente, à redução da mortalidade pela imunossupressão pelo HIV – como por infecções oportunistas e neoplasias malignas. Palavras-chave: Linfoma de Burkitt, Vesícula Biliar, Soropositividade para HIV, Infecções por Vírus Epstein-Barr, Pediatria. Conflitos de interesse: Não houve conflitos de interesse. Ética e financiamentos: Não houve conflitos de interesse.