Revista Brasileira de Anestesiologia (Feb 2009)

Anestesia em anã acondroplásica obesa mórbida para gastroplastia redutora Anestesia en enana acondroplásica obesa mórbida para gastroplastia reductora Anesthesia for bariatric surgery in an achondroplastic dwarf with morbid obesity

  • Maria Angélica Abrão,
  • Vinícius Gomes da Silveira,
  • Carlos Frederico Loretti Vaz de Almeida Barcellos,
  • Roberta Costa Marques Cosenza,
  • João Régis Ivar Carneiro

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-70942009000100011
Journal volume & issue
Vol. 59, no. 1
pp. 79 – 86

Abstract

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A acondroplasia é a forma mais comum entre os diversos tipos de osteocondrodisplasias causadoras do nanismo. O anão pode ser acometido de obesidade com relativa frequência e o tratamento cirúrgico tem demonstrado maior eficácia tanto para a perda efetiva de peso quanto para a sua manutenção a longo prazo. O objetivo deste trabalho foi apresentar um caso de gastroplastia redutora com derivação intestinal em Y-de-Roux em anão acondroplásico obeso mórbido. Foram analisadas as diversas dificuldades encontradas no manuseio anestésico deste paciente e a maneira pela qual foram abordadas, objetivando a diminuição da morbimortalidade no intra-operatório. RELATO DO CASO: Paciente de 29 anos, feminina, anã com acondroplasia e obesidade mórbida desde a infância. Suas medidas eram de 123 cm de altura e peso corporal de 144 kg. Com índice de massa corporal (IMC) de 95,18 kg.m-2, apresentava várias doenças associadas, sobretudo dos sistemas respiratório e osteoarticular. Após longo período de acompanhamento com dieta, exercícios físicos e apoio psicológico, a paciente melhorou sua condição clínica, sendo encaminhada para a realização da operação proposta: gastroplastia redutora à Capella-Fobi. Na anestesia houve dificuldade na intubação traqueal acordada sob laringoscopia direta, sendo necessária a utilização do broncofibroscópio. Transcurso intra-operatório sem complicações, sendo mantida sob anestesia geral venosa total com infusão contínua de remifentanil e propofol. Extubada ao final do procedimento na sala cirúrgica. CONCLUSÕES: As comorbidades simultâneas da acondroplasia e da obesidade mórbida podem dificultar o manuseio anestésico, sobretudo em relação às vias aéreas. É necessário uma avaliação pré-anestésica bem conduzida para antecipar condutas e minimizar esses riscos, otimizando, assim, a condução da anestesia.JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La acondroplasia es la forma más común entre los diversos tipos de osteocondrodisplasias causadoras del enanismo. El enano puede ser acometido de obesidad con una relativa frecuencia, y el tratamiento quirúrgico ha demostrado una mayor eficacia, tanto para la pérdida efectiva de peso como para a su mantenimiento a largo plazo. El objetivo de este trabajo fue presentar un caso de gastroplastia reductora con derivación intestinal en Y-de-Roux en enano acondroplásico obeso mórbido. Se analizaron las diversas dificultades encontradas en el manejo anestésico de este paciente y la manera a través de la cual se abordaron, objetivando la disminución de la morbi mortalidad en el intraoperatorio. RELATO DEL CASO: Paciente de 29 años, femenina, enana, con acondroplasia y obesidad mórbida desde la infancia. Sus medidas eran de 123 cm de altura y peso corporal de 144 kg, al momento de la entrada en el servicio de Cirugía Bariátrica. Con un índice de masa corporal (IMC) de 95,18 kg.m-2, presentaba varias enfermedades asociadas, principalmente del sistema respiratorio y osteoarticular. Después de un largo período de acompañamiento con dieta, ejercicios físicos y apoyo psicológico, la paciente mejoró su condición clínica, siéndole intervenida con la operación propuesta: gastroplastia reductora a la Capella-Fobi. En la anestesia, hubo dificultad en la intubación traqueal con la paciente despierta y bajo laringoscopía directa, siendo necesaria utilización del broncofibroscopio. Transcurso intraoperatorio sin complicaciones, siendo mantenida bajo anestesia general venosa total con infusión continua de remifentanil y propofol. Extubada al final del procedimiento en la sala de operaciones. CONCLUSIONES: Las comorbidades simultáneas de la acondroplasia y de la obesidad mórbida pueden dificultar el manejo anestésico, principalmente con relación a las aéreas. Es necesario una evaluación preanestésica bien conducida para anticipar conductas y minimizar esos riesgos, optimizando así la conducción de la anestesia.BACKGROUND AND OBJECTIVES: Achondroplasia is the most common form among the different types of osteochondrodysplasia that cause dwarfism. Dwarves develop obesity quite frequently, and surgical treatment has shown greater efficacy, both for effective weight loss and long term maintenance. The objective of this report was to present the case of bariatric surgery with Y-en-Roux gastric bypass in an achondroplastic dwarf with morbid obesity. The different difficulties in the anesthetic management of this patient and the way they were dealt with were discussed in order to decrease intraoperative morbidity and mortality. CASE REPORT: This is a 29 years old female dwarf with achondroplasia and morbid obesity since childhood. She was 123 cm tall and weighed 144 kg at the time of admission to the Bariatric Surgery service. With a body mass index (BMI) of 95.18 kg.m-2, she had several associated diseases especially of the respiratory system and osteoarticular system. After a long follow-up with diet, exercises, and psychological support, her clinical condition improved and she was referred for surgery: Y-en-Roux gastroplasty using the technique of Capella-Fobi. Intubation of the awake patient under direct laryngoscopy was difficult and a bronchofibroscope had to be used. Surgery was uneventful and the patient was maintained under total intravenous anesthesia with continuous infusion of remifentanil and propofol. She was extubated at the end of the surgery still in the operating room. CONCLUSIONS: The simultaneous comorbidities of achondroplasia and morbid obesity can hinder the anesthetic management, especially regarding the airways. A thorough pre-anesthetic evaluation is necessary to anticipate the conducts and minimize risks, therefore optimizing the evolution of anesthesia.

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