Griot: Revista de Filosofia (Feb 2022)
"É para o seu próprio bem": a dimensão ética das ferramentas de detecção de risco de suicídio e da intervenção paternalista
Abstract
O impedimento de indivíduos acometidos por enfermidade psíquica em risco de suicídio é bem justificado. Mas o impedimento do suicida racional é complicado pelo conflito entre defendermos a vida e defendermos a autonomia, como ilustrado pelas diversas abordagens filosóficas quanto à dimensão ética do suicídio. Argumentaremos que a intervenção paternalista sobre o indivíduo autônomo, desde que de natureza pontual e escopo limitado, é também justificada. Para tanto iremos nos valer da distinção entre autonomia superficial (shallow) e profunda (deep), bem como de fatores complicadores oriundos de literatura médica recente: a questão da ambivalência e o cry for help model. Dedicaremos especial atenção também às implicações éticas de novas estratégias de detecção de risco que utilizam inteligência artificial aplicada a bases de dados de redes sociais como o Facebook. Embora os dados preliminares sugiram ser ferramentas eficazes, a falta de transparência, regulamentação e consentimento coloca em risco liberdades e direitos civis.
Keywords