Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

RESULTADOS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE HEMOCOMPONENTES REALIZADOS PELA FUNDAÇÃO PRÓ-SANGUE HEMOCENTRO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2022 ATÉ ABRIL DE 2024

  • LAS Nani,
  • PC Sierra,
  • CA Arrais,
  • AM Júnior,
  • V Rocha,
  • MS Tenorio,
  • DM Oguita

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S884 – S885

Abstract

Read online

Introdução: A qualidade do processo e a segurança transfusional são as maiores preocupações em serviços de hemoterapia. Com destaque para testes para agentes patogênicos de importância clínica, visto que a transfusão com presença de contaminação microbiológica é uma das maiores causas de morte associada à prática transfusional. Apesar dos cuidados desde a assepsia na coleta até a automação de procedimentos para obtenção dos hemocomponentes, há riscos e há a possibilidade de transmissão de infecções por contaminação bacteriana que podem resultar em eventos adversos como a reação transfusional e riscos de morbimortalidade em pacientes debilitados. Concentrados plaquetários facilitam a proliferação de micro-organismos devido a sua forma de estocagem, entretanto não exclui a ocorrência em concentrados eritrocitários. De acordo com normativas, o controle de qualidade de sangue deve ser realizado por meio de testes laboratoriais, obedecendo a diferentes parâmetros de análises para cada tipo de hemocomponente e de acordo com uma amostragem da produção. Com destaque ao controle microbiológico em que amostras são submetidas à cultura com diferentes tipos de meios para detecção de micro-organismos e como ferramenta de monitoramento. Objetivo: Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar hemoculturas primárias positivas através do monitoramento microbiológico realizado no período de janeiro de 2022 a abril de 2024. Material/metodologia: Foram analisados de acordo com a produção de 1% de Concentrado de Hemácias (CH) e 100% de Pool de plaquetas (PP) e Concentrado de Plaquetas por Aférese (CPA) no Controle de Qualidade do Sangue da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo no período mencionado. Componentes plaquetários foram testados com 36 horas pós-coleta e com liberação parcial em 12 horas. Para realização da cultura foi inoculado 8 mL das amostras em frascos de cultura aeróbicos e incubados no sistema automatizado BACTEC-FX (BD) por 5 dias. As amostras com resultado positivo foram encaminhadas para testes confirmatórios e identificação microbiológica. Resultados: Durante o período avaliado, realizou-se um total de 42.750 testes em que 29 foram positivos na hemocultura primária. Destes, 4 verdadeiros positivos, 16 falso positivos e 9 inconclusivos. O hemocomponente que apresentou maior positividade foi o PP com 16 unidades, seguido do CPA com 10 e o CH com 3. Foi possível identificadar as seguintes espécies: 3 Staphylococcus epidermidis , 3 Cutibacterium acnes , 2 Bacilos Gram positivos, 1 Listeria monocytogenes , 1 Streptococcus mitis , 1 Streptococcus agalactiae e 1 Cutibacterium granulosum. Discussão/conclusão: : De acordo com os resultados, verificou-se uma maior incidência de contaminação bacteriana em PP, seguido de CPA e uma menor em CH. Estes resultados corroboram com a literatura, pois as condições de estocagem e temperatura facilitam a proliferação bacteriana em concentrados plaquetários. A maioria das espécies identificadas estão relacionadas com a microbiota da pele, o que pode ser justificado pelo processo de assepsia inadequada como fonte de contaminação. Neste estudo destaca-se a identificação de 4 micro-organismos anaeróbicos de crescimento lento, o que permite mostrar a segurança transfusional em utilizar-se frascos aeróbicos, com um intervalo de 36 horas após a coleta, não sendo necessário o uso de frascos anaeróbicos, evitando custos institucionais bem como a eficácia do método no monitoramento microbiológico.