Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
RELAÇÃO ENTRE IPF E INCREMENTO PLAQUETÁRIO PÓS TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS
Abstract
Objetivos: a refratariedade plaquetária trata-se de uma resposta inadequada à transfusão de plaquetas, sendo, portanto, um desafio enfrentado pelos bancos de sangue. Ela pode ser avaliada pelo Cálculo de Incremento Corrigido (CCI), onde consideramos que ocorreu um incremento plaquetário satisfatório se obtivermos um valor ≥5.000 plaquetas após 1hora da transfusão ou ≥2.500 após 24 horas. Os métodos para prevenção desta ocorrência são diversos incluindo testes de imunocompatibilidade até leucorredução no preparo dos concentrados de plaquetas. No entanto, pouco foi estudado com relação a possíveis interferências dos índices plaquetários das bolsas de concentrados a fim de se obter um maior incremento plaquetário. Destacando-se dentre eles a Fração de Plaquetas Imaturas (IPF), índice que se baseia no tamanho da plaqueta e em sua quantidade de RNA. Diante deste cenário o objetivo do presente estudo é estabelecer a relação do IPF com o incremento plaquetário pós transfusão de concentrado de plaquetas. Material e métodos: foram monitoradas 10 bolsas de concentrados de plaquetas desde sua produção a transfusão. Considerando-se sua validade de cinco dias após produção. Obteve-se fragmentos das bolsas nos dias 1, 2, 3, 4, 5 após produção. Em seguida, as amostras foram submetidas a análise automatizada no Sysmex®XN-10 nos dias consecutivos. Foram analisados contagem global do número de plaquetas por impedância e fluorescência, IPF, contagem plaquetária da bolsa pelo banco de sangue, tipagem sanguínea da bolsa, volume da bolsa e data da transfusão. Em relação aos pacientes transfundidos foram analisados tipagem sanguínea, diagnóstico, quantidade plaquetas pré e pós transfusão, bem como hora da coleta do hemograma pós transfusão se, após 1h ou 24h. Coletou-se, ainda, peso, altura e superfície corpórea para cálculo do incremento plaquetário corrigido. Por fim, os dados foram planilhados e submetidos a estatística descritiva, utilizando-se os testes paramétricos t-Student e anova. Resultados: Não houve diferença estatística entre os índices de IPF e os dias até a transfusão da bolsa, obtendo-se um p-valor de 0,77. A contagem média do número de plaquetas presentes nas bolsas foi equivalente a 4,09×1011, com um volume aproximado de 225,1 mL e intervalo médio entre a produção e transfusão da bolsa de 2,7 dias. Discussão: Em nosso espaço amostral apenas uma bolsa não apresentava compatibilidade ABO, mas foi transfundida devido ao título de isohemaglutinina permissivo resultando em incremento plaquetário considerável. Das transfusões apresentadas, apenas uma não apresentou incremento plaquetário satisfatório, este mesmo paciente apresentava um IPF dentro da média esperada no dia da transfusão. Conclusão: Muito provável que, devido limitação apresentada em relação ao tamanho amostral e influência multifatorial para melhor incremento plaquetário, o presente estudo não demonstrou possível relação dos níveis de IPF com incremento plaquetário após transfusão. Fazendo-se necessário, portanto, estudos complementares com maior espaço amostral para melhor estabelecimento de tal relação.