Linguagem em Foco (Aug 2019)
TRADUÇÃO: UMA AÇÃO POLÍTICA DE REFORÇO DA IDENTIDADE NACIONAL
Abstract
Embora o português seja o sexto idioma mais falado mundialmente, o Brasil carece de tradição na exportação literária. Ademais, a escassa literatura que alcança outros países pode ser insuficiente para representar nossa diversidade cultural, fomentando a formação de determinados discursos estrangeiros sobre a identidade nacional e a vida social brasileiras. Esse complexo panorama nos campos literário e editorial coaduna-se com iniciativas federais que visam ao incremento da participação brasileira na literatura internacional. O Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior, aliado à revista Granta (2012) intitulada The best of young Brazilian novelists, surge como resposta à supracitada problemática. Ainda que medidas sejam tomadas para que autores brasileiros ganhem mais espaço internacionalmente, é preciso atentar para a forma como as obras – e, consequentemente, a cultura brasileira – são traduzidas. Suportado pelas proposições acerca da centralidade da cultura e da identidade cultural (HALL, 1997; 2005), e pela teoria dos polissistemas (EVEN-ZOHAR, 1990), este trabalho objetiva refletir sobre a importância das iniciativas federais, aliadas à Granta (2012), para a (nova) literatura brasileira. Baseado nos fundamentos da invisibilidade do tradutor (VENUTI, 1995), e em resultados de análises apresentadas no artigo, chama-se atenção para os diferentes métodos de tradução e as implicações das escolhas do tradutor em relação a aspectos culturais formadores de uma identidade nacional, que configuram a tradução como uma ação política de reforço da identidade nacional.