Revista Brasileira de Geomorfologia (Dec 2016)

MODELAGENS DE CLIMA DE ONDAS E TRANSPORTE SEDIMENTAR UTILIZANDO O SMC-BRASIL: APLICAÇÕES PARA A PRAIA DO FORTE, LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA

  • Iracema Reimão Silva,
  • Júnia Kacenelenbogen Guimarães,
  • Abílio Carlos da Silva Pinto Bittencourt,
  • Tais Kalil Rodrigues,
  • Gerson Fernandino

DOI
https://doi.org/10.20502/rbg.v17i4.814
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 4

Abstract

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A vulnerabilidade dos ambientes costeiros, muitas vezes ampliada por atividades antropogênicas, e a possibilidade de alterações climáticas, com uma maior incidência de eventos climáticos extremos, tornam cada vez mais necessários estudos e ferramentas que ajudem no entendimento sobre o balanço sedimentar e as variações no comportamento da linha de costa. Neste sentido, o Sistema de Modelagem Costeiro (SMC-Brasil) executa diferentes modelos numéricos, que permitem realizar análises em curto, médio e longo prazo de uma praia, contribuindo para estudos e planos de gestão litorâneos. Esta pesquisa teve como objetivo compreender a dinâmica litorânea da Praia do Forte – litoral norte do estado da Bahia – utilizando o SMC-Brasil, e avaliar a sua vulnerabilidade a eventos oceanográficos extremos. A análise estatística de ondas para a área de estudo, em termos de condições médias e extremas, realizada para águas intermediárias, indicou um predomínio das ondas vindas de ESE, com altura significativa de 1,3m e de 2,6m para condições de tempestade, com período de pico de 7s e 10s, respectivamente. A partir deste ponto foi realizada a modelagem do clima de ondas em águas rasas, analisado em três pontos ao longo do litoral da Praia do Forte, indicando predominância das ondas de SE e SSE, com alturas, para situações de meia maré, variando de 0,5 a 1,2m. O transporte de sedimentos, calculado em três perfis perpendiculares à linha de costa, associados a cada um dos pontos, indicou uma zona de convergência entre a Praia do Castelo (Ponto 1) e a Praia do Eco Resort (Ponto 2) e um aumento namagnitude do transporte nesta última (Ponto 2), de quase oito vezes em relação à Praia do Porto (Ponto 3), tornando essa região mais vulnerável a processos erosivos.A estimativa da cota de inundação, considerando o nível de base igual a zero, com períodos de recorrência de 2, 5, 10, 25, 50, 100 e 200 anos, indicou em geral, níveis entre 2,5 e 3,0m para os perfis 1 e 2 e entre 2,0 e 2,5m para o perfil 3. A combinação de eventos de tempestades com marés meteorológicas positivas, marés astronômicas de sizígia e valores extremos de espraiamento de onda, pode resultar em situações de alto risco para ecossistemas e propriedades, com grandes impactos para o litoral estudado, que atualmente já apresenta erosão costeira em suas praias.A vulnerabilidade natural dos ambientes costeiros, muitas vezes ampliada por atividades antropogênicas, e a possibilidade de alterações climáticas, com uma maior incidência de eventos climáticos extremos, tornam cada vez mais necessários estudos e ferramentas que ajudem no entendimento sobre o balanço sedimentar e as variações no comportamento da linha de costa. Neste sentido, o Sistema de Modelagem Costeiro (SMC-Brasil), com série temporal de 60 anos (1948 a 2008), executa diferentes modelos numéricos, que permitem realizar análises em curto, médio e longo prazo de uma praia, contribuindo para estudos e planos de gestão litorâneos. Esta pesquisa teve como objetivo compreender a dinâmica litorânea da Praia do Forte, utilizando o SMC-Brasil, e avaliar a sua vulnerabilidade a eventos oceanográficos extremos. A análise estatística de ondas para a área de estudo, em termos de condições médias e extremas, realizada para águas intermediárias, no Ponto 1 (Ponto Dow), indicou um predomínio das ondas vindas de ESE, com alturas em condições médias de 1,3m e de 2,6m para condições de tempestade, com períodos de 7s e 10s, respectivamente. A partir deste ponto foi realizada a modelagem do clima de ondas em águas rasas, analisado em três pontos do litoral, indicando uma predominância das ondas de SE e SSE, com alturas, para situações de meia maré, variando de 0,5 a 1,2m. O transporte de sedimentos, calculado em três perfis perpendiculares à linha de costa, associados a cada um dos pontos, indicou uma zona de convergência entre os pontos 1 e 2, e uma maior magnitude de transporte no ponto 2, tornando essa região mais vulnerável a processos erosivos. A estimativa da cota de inundação, baseada na análise dos valores extremos por máximos anuais, com períodos de recorrência de 2, 5, 10, 25, 50, 100 e 200 anos, indicou em geral, níveis entre 2,5 e 3,0m para os perfis 1 e 2 e entre 2,0 e 2,5m para o perfil 3. A combinação de eventos de tempestades com marés meteorológicas positivas, marés astronômicas de sizígia e valores extremos de espraiamento de onda, pode resultar em situações de alto risco para ecossistemas e propriedades, com grandes impactos para o litoral estudado, que atualmente já apresenta uma alta vulnerabilidade à erosão costeira.

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