Argumentos (Apr 2019)
A grande saúde em Nietzsche
Abstract
Um dos temas mais candentes da filosofia de Nietzsche diz respeito à dialética entre os conceitos de saúde e doença. Em boa medida, podemos dizer que o objetivo maior de sua obra é o diagnóstico de uma doença cultural e, por consequência, uma terapia filosófica para o mal identificado. Para isso, Nietzsche defende que é preciso conhecer o passado para poder se afastar dele. Nesse sentido, o autor propõe uma investigação criativa e inovadora com relação ao passado de nossas instituições culturais e intelectuais para que seja possível uma superação de preconceitos. Como guia dessa reconstrução histórica, Nietzsche propõe o livre questionamento e, sobretudo, um pensamento que leve em conta a própria natureza como condição de possibilidade. Assim, Nietzsche coloca a vida humana em sua concretude como princípio orientador da história da cultura. Sobre este aspecto, Nietzsche defende uma historiografia rejuvenescida e uma filosofia capaz de romper com a repetição de tradições identificadas como doentias. A proposta aqui é a de refazer brevemente esse percurso da filosofia nietzschiana a partir de dois textos fundamentais, a saber, A genealogia da Moral e Ecce homo. Além desse material, levaremos em conta os estudos, principalmente, de Karl Jaspers e Jean Lefranc sobre a filosofia de Friedrich Nietzsche. No final da discussão, será men- cionada a questão do impacto da noção de saúde em Nietzsche para o problema da biopolítica no século XX. Nesse caso, a principal fonte é o trabalho do filósofo italiano Roberto Esposito.