Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-334 - PERFIL CLÍNICO EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO INDÍGENA COM TUBERCULOSE EM UM ESTADO DO SUL DO BRASIL DE 2007-2023
Abstract
Introdução: A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, sendo curável com o tratamento adequado. A tuberculose continua sendo um importante problema de saúde global atingindo altos níveis em seguimentos sociais principalmente na população indígena devido as lacunas de políticas públicas, dificuldade do acesso a saúde e da incorporação de práticas biomédicas no tratamento da TB em comunidades indígenas. Objetivo: Descrever o perfil clínico-epidemiológico da população indígena com Tuberculose em um estado do sul do Brasil entre 2007-2023. Método: Estudo quantitativo, transversal e descritivo realizado com dados obtidos pelas fichas de notificação de tuberculose em indígenas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Estado do Paraná do período de 2007 a 2023. Foi realizada tabulação de dados cruzada e análise de frequências simples através do software Statistical Package for the Social Science versão 22.0, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 38855820.6.0000.5231). Resultados: Dos 43.458 casos de tuberculose notificados no período analisado, 179 se autodeclaram indígenas. Quanto à forma, 78,8% apresentaram a forma pulmonar e apenas 15,1% a forma extrapulmonar, no diagnóstico 53,1% realizaram Baciloscopia de Escarro e obtiveram resultado positivo, dos achados no RX, 78,8% eram suspeitos e para cultura de escarro 20,1% eram positivos. Predomínio do sexo masculino 59,2%, a média de idade foi de 34 anos, com até 9 anos de estudos 54,7%. Aos agravos associados, destaca-se o uso de álcool 24,6%, seguido do tabagismo 8,4% e diabetes 7,8%, obtendo o desfecho de cura em 64,8% dos casos, 7,3% de abandono e 3,9% de óbitos por tuberculose. Nota-se a maior frequência de notificações em zonas rurais e periurbanas 58,7%, ocorrendo em maior prevalência na 5ª Regional de Saúde do Estado, sendo os municípios de pequeno porte com maior taxa 64,8%. Conclusão: O estudo evidenciou maior prevalência de casos de tuberculose no sexo masculino, com baixa escolaridade, habitando zonas rurais e periurbanas, maior agravo de saúde voltada para o uso de bebidas alcoólicas e com maior desfecho de cura. Os dados evidenciam que a tuberculose afeta desproporcionalmente a população indígena, deste modo é necessário contribuir para o fortalecimento de ações em saúde de controle específico, ações sistemáticas para controle da tuberculose e intervenções intersetoriais.